Assim como a minha crença é satisfeita se e somente se o estado de coisas representado no conteúdo da crença de facto é obtido, e o meu desejo é satisfeito se e somente se o estado de coisas representado pelo conteúdo do desejo vem a acontecer, também a minha intenção será satisfeita se e somente se a acção representada pelo conteúdo da intenção for realmente realizada. Mas se tudo indicia uma relação estreita entre acção e intenção, deveremos ter em atenção algumas situações paradigmáticas.
Mesmo onde há uma acção não intencional, tal como Édipo casar-se com a sua mãe, isso acontece apenas porque há um evento idêntico que é uma acção realizada intencionalmente, nomeadamente, casar com Jocasta. Este exemplo leva-nos a concluir que não há acções sem intenções correspondentes.
Mas, embora um evento representado no conteúdo da minha intenção ocorra, ele não é necessariamente a satisfação da minha intenção. Para explicar este ponto de vista podemos estabelecer uma analogia com as crenças e os desejos. Assim, se acredito que está a chover e está a chover, a minha crença é verdadeira, seja qual for a maneira como aconteceu estar a chover. E se o meu desejo é ser rico e eu fico rico, esse desejo é satisfeito, seja qual for a maneira como fiquei rico. Mas esta condição não é válida para as acções. Suponha-se que João quer matar o seu tio; pode acontecer que ele mate o seu tio, e, todavia, as condições de satisfação da sua intenção não resultem. Elas podem não resultar mesmo em alguns casos em que a sua intenção de matar o tio seja a causa efectiva de ele matar o tio. Suponha-se que ele está a guiar pensando como vai matar o tio, e suponha-se que a sua intenção de matar o tio põe-no de tal forma nervosos e excitado que acidentalmente atropela e mata um pedestre que acontece ser o seu tio. Ora, neste caso, é correcto dizer que ele matou o seu tio e correcto dizer que a sua intenção de matar o tio foi (parte de) a causa de ele ter matado o tio; mas não é correcto dizer que ele concretizou a sua intenção de matar o tio ou que a sua intenção foi satisfeita, uma vez que ele não matou o seu tio intencionalmente.
Podemos encontrar ainda um outro exemplo que ilustra esta mesma situação. Um homem pode tentar matar alguém disparando sobre ele. Suponha-se que ele não acerta, mas que o tiro faz debandar uma manada de porcos selvagens que pisam a pretendida vítima até à morte. Neste caso, a intenção do homem tem a morte da vítima como parte das condições de satisfação e a vítima morre como resultado, mas, assim mesmo, somos, relutantes em dizer que foi uma morte intencional.
Mesmo onde há uma acção não intencional, tal como Édipo casar-se com a sua mãe, isso acontece apenas porque há um evento idêntico que é uma acção realizada intencionalmente, nomeadamente, casar com Jocasta. Este exemplo leva-nos a concluir que não há acções sem intenções correspondentes.
Mas, embora um evento representado no conteúdo da minha intenção ocorra, ele não é necessariamente a satisfação da minha intenção. Para explicar este ponto de vista podemos estabelecer uma analogia com as crenças e os desejos. Assim, se acredito que está a chover e está a chover, a minha crença é verdadeira, seja qual for a maneira como aconteceu estar a chover. E se o meu desejo é ser rico e eu fico rico, esse desejo é satisfeito, seja qual for a maneira como fiquei rico. Mas esta condição não é válida para as acções. Suponha-se que João quer matar o seu tio; pode acontecer que ele mate o seu tio, e, todavia, as condições de satisfação da sua intenção não resultem. Elas podem não resultar mesmo em alguns casos em que a sua intenção de matar o tio seja a causa efectiva de ele matar o tio. Suponha-se que ele está a guiar pensando como vai matar o tio, e suponha-se que a sua intenção de matar o tio põe-no de tal forma nervosos e excitado que acidentalmente atropela e mata um pedestre que acontece ser o seu tio. Ora, neste caso, é correcto dizer que ele matou o seu tio e correcto dizer que a sua intenção de matar o tio foi (parte de) a causa de ele ter matado o tio; mas não é correcto dizer que ele concretizou a sua intenção de matar o tio ou que a sua intenção foi satisfeita, uma vez que ele não matou o seu tio intencionalmente.
Podemos encontrar ainda um outro exemplo que ilustra esta mesma situação. Um homem pode tentar matar alguém disparando sobre ele. Suponha-se que ele não acerta, mas que o tiro faz debandar uma manada de porcos selvagens que pisam a pretendida vítima até à morte. Neste caso, a intenção do homem tem a morte da vítima como parte das condições de satisfação e a vítima morre como resultado, mas, assim mesmo, somos, relutantes em dizer que foi uma morte intencional.
Os exemplos referidos foram retirados de J. Searle, Intencionalidade – um ensaio de filosofia da mente, 1999, Lisboa.
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