terça-feira, 20 de maio de 2008

INTENÇÃO EM ACTO E INTENÇÃO PRÉVIA

A minha acção de erguer o braço consiste em duas componentes, a intenção em acto e o movimento do braço. Tire-se o primeiro e não se terá uma acção, mas somente um movimento; tire-se o segundo e não se terá sucesso, apenas esforço falhado. Não há acções, nem sequer acções não intencionais, sem intenções.
Podem existir acções sem intenções prévias correspondentes, quando retiro o meu carro do estacionamento e atinjo alguém sem qualquer intenção prévia de o atingir. Mas não pode haver quaisquer acções, nem mesmo acções não intencionais, sem intenções em acto. As acções, portanto, contêm necessariamente intenções em acto, mas não são necessariamente causadas por intenções prévias. Contudo, o conteúdo Intencional da intenção em acto não é que ele deva causar a acção, mas antes, que deva causar o movimento (ou estado) do agente, o qual é a sua condição de satisfação; e os dois em conjunto, intenção em acto e movimento, constituem a acção.
Uma acção é qualquer evento ou estado composto que contenha a ocorrência de uma intenção em acto. Se essa intenção em acto causar o resto das suas condições de satisfação, o evento ou estado é uma acção intencional realizada com sucesso; de contrário, é mal sucedida. Uma acção não intencional é uma acção intencional, seja ou não bem sucedida, que contém aspectos que não foram pretendidos, ou seja, que não foram apresentados como condições de satisfação de intenção em acto.
John Searle

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