sábado, 24 de maio de 2008

A MORTE

O desesperado, que desejaria o nada ou a vida eterna, pronuncia em relação ao “cá na terra” uma rejeição total; mas a morte continua a ser dramática para o candidato ao suicídio e para o crente. Deus chama-nos sempre demasiado cedo para Ele. Queremos o cá em baixo. No horror do desconhecido radical a que a morte conduz, atesta-se o limite da negatividade. Esta maneira de negar, ao mesmo tempo que se refugia no que se nega, desenha os contornos do Mesmo ou do Eu. A alteridade de um mundo rejeitado não é a do Estrangeiro, mas da pátria que acolhe e protege. A metafísica não coincide com a negatividade.
LEVINAS, Emmanuel, Totalidade e Infinito, 1988. Lisboa: Edições 70, pp.28-29

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