segunda-feira, 26 de maio de 2008

ACÇÃO E MOVIMENTO

Efectivamente descobre-se que a segunda grande obra de Ludwig Wittgenstein, As Investigações Filosóficas, em particular nos parágrafos 611 e 660, deu origem a toda uma literatura consagrada à linguagem da acção e à semântica de tal linguagem. O tema geral desses escritos é o seguinte: a linguagem em que descrevemos os movimentos e os eventos da natureza. Dizer: "estico o braço para mostar que dou uma volta" é produzir um enunciado que não pode situar-se na mesma categoria que o enunciado "o braço levanta-se": este descreve um movimento que é observado por um espectador, o segundo descreve uma acção do ponto de vista do agente que a fez. Segundo Miss Anscombe, é um "conhecimento sem observação", um "conhecimento prático".
Estudaremos a fundo, e em todos os seus matizes esta linguagem específica, sobretudo a sua organização em rede. Conservamos nesta introdução a tendência geral para distinguir o universo do discurso, em que se fala da acção, do universo do discurso em que se fala do movimento. É ao primeiro que incumbe a noção de motivo, ao segundo a noção de causa.
RICOEUR, Paul, O Discurso da Acção, 1988. Lisboa: Edições 70, p. 13.

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