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domingo, 19 de dezembro de 2010

TEORIAS DOS VALORES

O conceito de valor tem sido investigado e conceituado em diferentes áreas do conhecimento. A abordagem filosófica descreve-o como nem totalmente subjectivo, nem totalmente objectivo, mas como algo determinado pela interacção entre o sujeito e o objecto.
Nas ciências económicas, a noção de valor tem uma interpretação predominantemente material. Smith propõe a análise de valor como a habilidade intrínseca de um produto oferecer alguma utilidade funcional. Já no conceito moderno, dado pelo marketing, isto é uma função dos atributos dados ao produto ou ao conjunto formado por ele e que o envolve, quando necessitamos obtê-lo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O INTUICIONISMO

Se quisermos tratar a teoria de Bell como mais do que um mero manifesto e levar a sério as suas pretensões de responder à questão “o que é a arte?”, então teremos de enfrentar algumas objecções bastantes sérias. Algumas destas objecções surgem da sua tendência intuicionista. Apesar de não ser um filósofo profissional, Bell foi profundamente influenciado pelo filósofo G. E. Moore. No seu livro Principia Ethica (1903) Moore, defendeu que “bom”, quando usado num sentido moral, era indefinível. Não poderia ser dividido em partes constituintes mais pequenas. A forma como distinguimos boas das más acções ou de acções perversas é através da intuição. Qualquer teoria que tentasse explicar de uma forma geral o que tornava uma acção moralmente boa ou má era afastada por cometer a “falácia naturalista”: o alegado erro de tentar dividir juízos de valor unicamente a partir de factos. Se, por exemplo alguém declarasse que uma acção particular, como dar dinheiro a instituições de caridade, era moralmente boa porque maximizava a felicidade; Moore diria que isto era um non sequitur. Uma vez demonstrada que uma acção maximiza a felicidade, continuaria a ser uma questão em aberto saber se era ou não uma acção moralmente boa. Moore argumentou que não poderíamos deduzir conclusões valorativas de descrições factuais, mas que deveríamos simplesmente reconhecer a virtude moral de certos tipos de acções.
O crítico sensível sabe quando está ou não perante uma forma significante através de algo equivalente a uma intuição, nomeadamente, através de um episódio de emoção estética. Esta emoção estética não pode ser dividida em partes constituintes mais pequenas. É simplesmente a emoção que é sentida na presença das obras de arte. Do mesmo modo, a forma significante não pode ser explicada em função das suas partes. As pessoas sensíveis podem apenas reconhecer essas coisas. Alguém que tentasse deduzir o valor estético de uma pintura a partir de uma simples descrição das suas características objectivamente observáveis estaria a cometer um erro lógico. Descreva-se qualquer característica de uma obra de arte e continuará a ser uma questão em aberto saber se é ou não se é uma boa obra de arte, e, na verdade, se é de todo em todo uma obra de arte.
WARBURTON, Nigel, O que é a Arte?, 1ª edição, 2007. Lisboa: Editorial Bizâncio, pp. 31-33

terça-feira, 10 de junho de 2008

SEXO

Segundo Freud, o alvo do desejo sexual é “a união dos órgãos sexuais no acto conhecido como cópula, que conduz à libertação da tensão sexual e à extinção temporária do instinto sexual – uma satisfação análoga ao saciar da fome”. Esta imagem científica do desejo sexual originou, na altura própria, o relatório Kinsey, e faz agora parte da mercadoria padronizada do desencantamento.
O que é exactamente o prazer sexual? Assemelha-se ao prazer de comer e beber? Ao de repousar num banho quente? Ao de olhar a nossa criança a brincar? É claramente como todos eles e diferente de todos eles. É diferente do prazer de comer no facto do seu objectivo não ser consumido. É diferente do prazer do banho no facto de envolver ter prazer numa actividade, e na outra pessoa que se junta. É diferente do de olhar a nossa criança a brincar no facto de envolver sensações corporais e uma entrega ao desejo físico. O prazer sexual assemelha-se no entanto, num ponto crucial, ao prazer de olhar algo: tem intencionalidade. Não é apenas uma sensação de formigueiro; é uma resposta a outra pessoa, e ao acto em que se está envolvido com ele ou ela. A outra pessoa pode ser imaginária: mas é na direcção de uma pessoa que os nossos pensamentos estão orientados, e o prazer depende do pensamento.
Esta dependência no pensamento significa que o desejo sexual pode ser enganado, e que cessa quando o engano é conhecido. Apesar de eu ser um pateta se não saltar de um banho relaxante depois de me ter sido dito que o que tomei por água é na realidade ácido, não é por ter cessado de sentir sensações agradáveis na minha pele. No caso do prazer sexual, as descobertas de que é uma mão indesejada que me toca extingue de imediato o meu prazer. Uma mulher que faz amor com o homem que se disfarçou de seu marido não deixa de ser vítima de violação, e a descoberta do seu engano pode levar ao suicídio. Não é simplesmente por o consentimento obtido por fraude não ser consentimento; mas porque a mulher foi violada, no próprio acto que lhe causou prazer.
O que torna um prazer num prazer sexual é o contexto da excitação. E excitação não é o mesmo que intumescência. É uma “propensão para” o outro, um movimento na direcção do acto sexual, que não pode ser separado, nem dos pensamentos em que é fundado nem do desejo a que conduz. A excitação é uma resposta ao pensamento do outro como um agente consciente de si, que está consciente de mim, e que é capaz de ter “intenções” em mim.
SCRUTON, Roger, Guia de Filosofia para Pessoas Inteligentes, 2007. Lisboa: Guerra e Paz Editores S.A., pp. 155-157