quarta-feira, 7 de maio de 2008

O PROBLEMA DO MAL NATURAL

O principal argumento contra a existência de Deus é a existência do mal. O argumento resume-se assim: se Deus é omnipotente poderia ter criado um mundo onde não existisse o mal. Se Deus é bom deveria querer criar um mundo onde não existisse o mal. Mas o mal existe. Logo, ou Deus quis criar um mundo sem o mal mas não pôde - e neste caso não é omnipotente -, ou pôde mas não quis - e neste caso não é sumamente bom. Logo, o tal Deus teísta não existe.
Os teístas acabaram por conseguir responder à existência do mal moral. Deus criou um mundo com livre arbítrio. Um mundo com livre arbítrio é um mundo preferível a um mundo sem livre arbítrio. Logo, o mal moral não é da responsabilidade de Deus, mas do livre arbítrio.
Mas e o mal natural, que não depende do livre arbítrio do ser humano? Encontraremos uma resposta a este problema sem pôr em causa a existência de Deus?
Por exemplo, Deus nunca teria tencionado que uma pessoa morresse esmagada por um pedregulho. Mas se as erupções vulcânicas acontecerem de acordo com as leis da geofísica, que Deus quer que existam (caso contrário o mundo seria diferente do que é, e nós seríamos igualmente diferentes, o que seria um mal), algumas pessoas podem ser esmagadas por pedregulhos. Deus não pode suster as leis e preservar todas as pessoas do mal, excepto através de uma série de contínuos milagres, e isto prejudicaria a estrutura da lei. O que é benéfico para o todo será, por vezes, prejudicial para as partes. Perceberemos melhor esta objecção a partir de um exemplo mundano. Se quisermos um jardim muito bonito, por oposição a um caos de ervas daninhas, muitas plantas terão de ser arrancadas e outras fortemente podadas. Poderíamos dizer que o benefício de um todo requer o sacrifício de algumas das partes.

Podemos encontar esta objecção ao mal natural em Keith Ward, Deus, Fé e o Novo Milénio.

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