segunda-feira, 16 de junho de 2008

PARADIGMA

Um sentido de “paradigma” é global, abarcando todos os empenhamentos partilhados por um grupo científico; o outro isola um género particularmente importante de empenhamento, e é assim um subconjunto do primeiro.
Um paradigma é o que os membros de uma comunidade científica, e só eles, partilham. Reciprocamente, é a respectiva possessão de um paradigma comum que constitui uma comunidade científica, formada, por sua vez, por um grupo de homens diferentes noutros aspectos. Com generalizações empíricas, estes dois enunciados podem ser defendidos. Mas, no livro, funcionam, pelo menos em parte, como definições, e o resultado é uma circularidade com algumas consequências viciosas. Para se explicar convenientemente o termo “paradigma”, devemos, primeiro, reconhecer que as comunidades científicas têm uma existência independente.
Nesta acepção, uma comunidade científica consiste nos praticantes de uma especialidade científica. Unidos por elementos comuns da respectiva educação e aprendizagem, vêem-se a si mesmos e são vistos pelos outros como os responsáveis pela prossecução de um conjunto de objectivos partilhados, incluindo a formação dos sucessores. Tais comunidades são caracterizadas pela relativa abundância de comunicação no interior do grupo e pela relativa unanimidade do juízo grupal em matérias profissionais. Numa dimensão notória, os membros de uma dada comunidade terão absorvido a mesma literatura e estruturado conclusões a partir dela.
KUHN, Thomas, A Tensão Essencial, 1ª edição, 1989. Lisboa: Edições 70, pp. 354-356

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