quarta-feira, 9 de julho de 2008

O SEXO DA ÉTICA

A ética tem sexo? Pensa-se que há muito que há diferenças na forma como os homens e a mulheres abordam a ética. Durante a maior parte da História, a natureza feminina tem sido encarada como muito mais inclinada para aquilo que poderíamos designar como virtudes domésticas, e menos adequada a uma perspectiva ampla. Assim, no Emílio, Rosseau resume os deveres de uma mulher da seguinte forma: “a obediência e fidelidade que deve ao seu marido, a ternura e cuidados devidas aos seus filhos”. Os homens, mas não as mulheres, devem entender e participar nas questões cívicas e na política porque “o raciocínio de uma mulher é prático. A demanda do abstracto e da verdade especulativa, de princípios e axiomas da ciência, de tudo o que tende para a generalização vasta, está para além da compreensão da mulher”. Hegel assumiu uma posição semelhante. Freud transformou esta tradição até ao século XX, afirmando que as “mulheres revelam menos sentido de justiça do que os homens” e “são mais vezes influenciadas nos seus juízos por sentimentos de afecto de e hostilidade”.
Desde que Mary Wollstonecraft escreveu a sua obra pioneira A Vindication of the Rights of Woman em 1792, existe uma linha de pensamento feminista que defende veementemente, contra Rosseau e aqueles que pensam nos seus moldes, que não existem virtudes distintamente femininas ou masculinas: a ética é universal. Contudo houve uma linha diversa de pensamento feminista que ganhou projecção nos tempos da luta pelo voto das mulheres. Ao advogar o direito de voto para as mulheres, algumas feministas afirmaram que as mulheres têm uma abordagem distinta de muitas questões éticas e políticas e é precisamente por essa razão que a sua influência deveria ser sentida mais fortemente na política.
SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 310-311

1 comentário:

Anónimo disse...

a ética é uma fêmea de mamas gaultier em cinto de castidade
:)