segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O DEBATE SOBRE O LIVRE - ARBÍTRIO


O Argumento Determinista
Perto do fim da sua vida, Isaac Bashevis Singer (1904-1991) concebeu um conjunto de respostas padrão para as questões que os entrevistadores lhe faziam. Quando lhe perguntavam qual era a sua filosofia de vida, Singer respondia: «Acredito no livre -arbítrio. Não tenho escolha»
Singer sabia que este pequeno gracejo colocava uma questão filosófica séria. É difícil não pensar que temos livre-arbítrio. Quando estamos a decidir o que fazer, a escolha parece inteiramente nossa. A sensação interior de liberdade é tão poderosa que podemos ser incapazes de abandonar a ideia de livre-arbítrio, por muito fortes que sejam as provas da sua inexistência.
E, obviamente, existem bastantes provas de que não há livre-arbítrio. Quanto mais aprendemos sobre as causas do comportamento humano, menos provável parece que escolhamos livremente as nossas acções. Nenhuma das provas nos impõe esta conclusão, mas muitas provas de géneros diferentes apontam nessa direcção, e o efeito cumulativo é o «livre - arbítrio» parecer cada vez mais parte de uma forma pré-científica de pensar.
Podemos designar por Argumento Determinista o seguinte:
1. Tudo o que fazemos é causado por forças que não controlamos.
2. Se as nossas acções são causadas por forças que não controlamos, então não agimos livremente.
Logo, nunca agimos livremente.
Esta linha de pensamento é perturbante por causa do que parece implicar para a responsabilidade individual. Se não somos livres, então parece que não somos responsáveis pelo que fazemos.
Mas será que o Argumento Determinista é sólido? Embora seja plausível, há nele muito que pode ser contestado. Vamos examinar duas respostas ao argumento que defendem o livre -arbítrio de formas diferentes. Uma teoria, o Libertismo, nega a primeira premissa do argumento e afirma que nem todas as nossas acções estão causalmente determinadas. Outra teoria, o Compatibilismo, nega a segunda premissa e afirma que somos livres apesar de as nossas acções estarem causalmente determinadas. Vamos discutir estas perspectivas separadamente.
Problemas da Filosofia, James Rachels, Gradiva - (Colecção Filosofia Aberta, pp.181-3)

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