Problema clássico da teoria dos jogos. Dois prisioneiros conjuntamente acusados de um crime são mantidos separados e a cada um é dada a opção de confessar ou de não confessar. Se nenhum confessar, cada um terá uma pena de dois anos. Se os dois confessarem, cada um deles é condenado a 6 anos. Se o prisioneiro A confessar e B não, A é libertado e B sofre uma pena agravada de 10 anos. Se o prisioneiro B confessar e A não, B é libertado e A sofre uma pena agravada de 10 anos. A matriz é a seguinte:
A verdade surpreendente acerca do jogo é que, faça o outro prisioneiro o que fizer, qualquer deles fica a ganhar se confessar (se A confessar, B fica a ganhar se confessar; e se A não confessar, B fica também a ganhar se confessar; o mesmo acontece com A, quer B confesse quer não). A confissão domina a não confissão. No entanto, o resultado social no qual A e B seguem este raciocínio é o pior de todos (resultando em 12 anos de prisão ao todo); teriam ambos ficado muito melhor se não confessassem (4 anos de prisão ao todo). Muitas situações políticas (e.g., se devemos votar quando isso implica custos, se devemos evitar reivindicar aumentos, se devemos ser bons cidadãos e deixar de regar o jardim quando há falta de água) podem ser representados como dilemas dos prisioneiros. A estrutura mostra que nem sempre se dás o caso de o bem social ser eficazmente aprofundado quando cada pessoa faz o que está no seu interesse fazer: mesmo que uma “mão invisível” faça que cada pessoa fique a ganhar quando se dão largas ao interesse pessoal, parece existir um castigo invisível que faz que cada pessoa fique a perder.
Um dilema dos prisioneiros reiterado é uma sequência finita ou infinita de situações deste género. Num interessante estudo, Robert Axelrod mostrou que uma política eficiente nestas situações é “pagar na mesma moeda”: A começa por cooperar com B (não confessando) até ser confrontado com a confissão de B, altura em que A confessa, em retaliação; mas então, se B se arrepender, A volta atrás e nega a confissão, até que tudo volte a acontecer. Para além de ser uma boa estratégia, “pagar na mesma moeda” tem alguma justificação moral intuitiva. Contudo, a estratégia é sensível à proporção entre as recompensas e as penas que estão em jogo, não podendo dizer-se que é a melhor estratégia em todas as circunstâncias.
Um dilema dos prisioneiros reiterado é uma sequência finita ou infinita de situações deste género. Num interessante estudo, Robert Axelrod mostrou que uma política eficiente nestas situações é “pagar na mesma moeda”: A começa por cooperar com B (não confessando) até ser confrontado com a confissão de B, altura em que A confessa, em retaliação; mas então, se B se arrepender, A volta atrás e nega a confissão, até que tudo volte a acontecer. Para além de ser uma boa estratégia, “pagar na mesma moeda” tem alguma justificação moral intuitiva. Contudo, a estratégia é sensível à proporção entre as recompensas e as penas que estão em jogo, não podendo dizer-se que é a melhor estratégia em todas as circunstâncias.
in BLACKBURN, Simon, Dicionário de Filosofia, 1ª edição, 1997. Lisboa: Gradiva.
2 comentários:
Muito bacana a explicação sobre o jogo.Descobri hoje a respeito e nesse blog achei a melhor descrição.Obrigada.
Adriana Marques.
PS: tentei fazer link para minha página do orkut,mas não consegui.
Obrigado Adriana por ter passado por cá. Qual é o endereço da sua página?
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António Paulo
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