Uma das objecções mais sérias feitas à teoria de Bell é a de que é viciosamente circular. A alegada circularidade ocorre na definição dos dois termos centrais: “forma significante” e “emoção estética”. Um é definido unicamente em função do outro. Não são introduzidos mais elementos no círculo, e assim temos uma teoria pouquíssimo informativa baseada em dois termos técnicos mutuamente definidos. Nada há de intrinsecamente errado com a circularidade dos argumentos e definições. Pensa-se num bom dicionário: qualquer palavra definida nesse dicionário está definida em função de palavras que também são definidas nesse dicionário e, por isso, a um certo nível todo o dicionário é circular. Este tipo de circularidade é perfeitamente aceitável. O que não é aceitável é o tipo de definição que define um termo unicamente em termos de outro e vice-versa. Assim, por exemplo, se procurarmos “sim” e a definição dada for “o contrário de não”; e depois formos ver “não” e a definição dada for “o contrário de sim”, teremos boas razões para nos sentirmos consternados. Aplicando isto à teoria de Bell, vemos que há uma explicação da forma significante: é um padrão de linhas, formas e cores. Contudo, uma vez que isto apenas serve para encontrar a forma e não a forma significante, não adianta muito na caracterização de uma teoria satisfatória da arte. A melhor maneira de definir a forma significante é aquilo que causa a emoção estética. Ora, esta é simplesmente a emoção sentida na presença da forma significante.
Bell poderia ter evitado este problema se desse uma definição mais abrangente de “forma significante” ou de “emoção estética”. Sem a ajuda de tais guias úteis, a teoria de Bell continua a ser, no seu cerne, desprovida de conteúdo, quando tratada como uma teoria e não como um manifesto.
Bell poderia ter evitado este problema se desse uma definição mais abrangente de “forma significante” ou de “emoção estética”. Sem a ajuda de tais guias úteis, a teoria de Bell continua a ser, no seu cerne, desprovida de conteúdo, quando tratada como uma teoria e não como um manifesto.
WARBURTON, Nigel, O que é a Arte?, 1ª edição, 2007. Lisboa: Editorial Bizâncio, pp. 36-38
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