Os filósofos criticam regularmente os trabalhos uns dos outros e o trabalho dos predecessores com cuidado e habilidade. Muita da sua discussão e publicação é, neste sentido, socrática: é uma justaposição de pontos de vista forjada a partir uns dos outros através da confrontação e análise críticas. O crítico que afirmou que os filósofos passavam a vida a lavar a roupa suja uns dos outros era antipático, mas apreendeu algo de essencial sobre o seu empreendimento. De facto, o que apreendeu era o que os filósofos nos seus seminários faziam: forjavam as suas próprias posições através da confrontação analítica com, no caso vertente, o passado. Penso que em nenhum outro campo desempenha a crítica um papel tão central. Por vezes os cientistas corrigem partes do trabalho dos outros, mas quem fizer uma carreira de crítica gradual é ostracizado pela profissão. Também os historiadores sugerem correcções algumas vezes e também, ocasionalmente, dirigem diatribes contra escolas concorrentes, cuja abordagem à história desprezam. Mas a análise cuidadosa é, nestas circunstâncias rara e uma tentativa explícita para captar e preservar as novas compreensões geradas pela outra escola é quase desconhecida.
KUHN, Thomas, A Tensão Essencial, 1989. Lisboa: Edições 70, pp. 36-37
KUHN, Thomas, A Tensão Essencial, 1989. Lisboa: Edições 70, pp. 36-37
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