O que é que havia de novo, se é que havia, a propósito do movimento experimental do século XVII? Alguns historiadores sustentaram que a própria ideia de basear a ciência em informação adquirida através dos sentidos era nova. Aristóteles, de acordo com esta visão, acreditava que as conclusões científicas podiam deduzir-se de primeiros princípios axiomáticos; até ao fim do renascimento, os homens não conseguiram subtrair-se à sua autoridade o suficiente para estudarem a natureza em vez dos livros. Estes resíduos da retórica do século XVII são, contudo, absurdos. Os escritos metodológicos de Aristóteles contêm muitas passagens que insistem tanto na necessidade da observação cuidadosa como os escritos de Francis Bacon. Randall e Crombie isolaram e estudaram uma importante tradição metodológica medieval que, desde o século XIII até princípios do século XVII, elaborou regras para o estabelecimento de conclusões sólidas a partir da observação e da experimentação. As Regulae de Descartes e o Novum Organon de Bacon devem muito a essa tradição. Não era novidade uma filosofia empírica da ciência ao tempo da Revolução Científica.
KUHN, Thomas, A Tensão Essencial, 1989. Lisboa: Edições 70, pp. 74-75
KUHN, Thomas, A Tensão Essencial, 1989. Lisboa: Edições 70, pp. 74-75
Sem comentários:
Enviar um comentário