Haverá realmente algo na nossa natureza biológica que nos leve a sermos egoístas? Será este o equivalente biológico do Pecado Original? Quando alguns biólogos eminentes atestam que há factos biológicos estabelecidos a mostrar a impossibilidade de um altruísmo genuíno, terão razão?
Eis, numa forma popular, a substância do argumento biológico que leva muitos a pensar que o egoísmo é inevitável:
Os seres humanos modernos são resultado de uma longa e incessante luta evolutiva. Nessa luta, alguns indivíduos conseguem alimentar-se e sobreviver o tempo suficiente para se reproduzirem. Outros, não. Aqueles que o conseguem, passam os seus genes à geração seguinte; os genes dos perdedores são eliminados da população. Os egoístas que agem fundamentalmente e acima de tudo em função dos seus próprios interesses têm uma maior probabilidade de vencer, em relação aos altruístas que colocam a ajuda aos outros para que estes vençam acima da maximização das suas próprias possibilidades de vitórias. Uma vez que traços como o egoísmo são, pelo menos em parte, determinados pelos nossos genes, isto significa que o número de egoístas aumentará e o número de altruístas diminuirá. Ao longo prazo – e a evolução já se faz mesmo há muito tempo – não haverá quaisquer verdadeiros altruístas.
Confrontados com o exemplo da dedicação de Madre Teresa, ao longo de toda a sua vida, às pessoas de rua doentes e moribundas de Calcutá, observaram que se tratava de uma cristã e, por conseguinte, acreditava vir a receber uma recompensa no céu. Outro sociobiólogo, Pierre van den Berghe, afirmou, simplesmente: “Estamos programados para nos preocuparmos apenas connosco próprios e com os nossos familiares”.
SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 163-164
Eis, numa forma popular, a substância do argumento biológico que leva muitos a pensar que o egoísmo é inevitável:
Os seres humanos modernos são resultado de uma longa e incessante luta evolutiva. Nessa luta, alguns indivíduos conseguem alimentar-se e sobreviver o tempo suficiente para se reproduzirem. Outros, não. Aqueles que o conseguem, passam os seus genes à geração seguinte; os genes dos perdedores são eliminados da população. Os egoístas que agem fundamentalmente e acima de tudo em função dos seus próprios interesses têm uma maior probabilidade de vencer, em relação aos altruístas que colocam a ajuda aos outros para que estes vençam acima da maximização das suas próprias possibilidades de vitórias. Uma vez que traços como o egoísmo são, pelo menos em parte, determinados pelos nossos genes, isto significa que o número de egoístas aumentará e o número de altruístas diminuirá. Ao longo prazo – e a evolução já se faz mesmo há muito tempo – não haverá quaisquer verdadeiros altruístas.
Confrontados com o exemplo da dedicação de Madre Teresa, ao longo de toda a sua vida, às pessoas de rua doentes e moribundas de Calcutá, observaram que se tratava de uma cristã e, por conseguinte, acreditava vir a receber uma recompensa no céu. Outro sociobiólogo, Pierre van den Berghe, afirmou, simplesmente: “Estamos programados para nos preocuparmos apenas connosco próprios e com os nossos familiares”.
SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 163-164
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