quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

PARQUES HUMANOS

Desde que o Politikós, desde que a Politeia são discursos que, no mundo, falam da comunidade dos homens como se se tratasse de um jardim zoológico que fosse simultaneamente um parque temático, a conduta dos homens nos parques ou cidades deverá passar a aparecer um problema zoo-político. O que se apresenta como uma reflexão sobre política é na realidade uma reflexão fundamental sobre as regras de funcionamento de um Parque Humano. Se há uma dignidade que mereça em sentido filosófico ser trazida à linguagem, será sobretudo porque os homens não são simplesmente guardados em parques temáticos políticos, mas porque são eles que, por si, neles se mantêm. Os humanos são seres que se cuidam, se guardam a si mesmos, que geram, vivam onde vivam, um espaço parquizado em torno a si próprios. Em parques urbanos, parques nacionais, parques cantonais, parques ecológicos, em todos os lados devem os humanos formar uma opinião sobre como deve ser regulada a sua conduta para consigo próprios.
SLOTERDIJK, Peter, Regras para o Parque Humano, 2007. Coimbra: Angelus Novus, Editora, p. 67

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