sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ÉTICA E SUBJETIVISMO



Chamo-me Ana Subjetivista; mas, dado a minha colega também se chamar "Ana", habitualmente tratam-me por "Sub". Adotei o subjetivismo ao compreender que a moral é profundamente emocional e pessoal.
O ano passado frequentei com alguns amigos um curso de antropologia. Acabámos por aceitar o relativismo cultural – a perspetiva de que o bem e o mal são relativos a cada cultura, que "bem" significa "socialmente aprovado". Mais tarde, descobri que o relativismo cultural enfrenta um problema, nomeadamente o de nos negar a liberdade para formarmos os nossos próprios juízos morais. Sucede que a liberdade moral é algo a que atribuo muita importância.
O relativismo cultural obriga-me a aceitar todos os valores da sociedade. Admitamos que descobri que a maior parte das pessoas aprova ações racistas; terei então de concluir que o racismo é um bem. Estaria a contradizer-me se dissesse "O racismo é socialmente aprovado embora não seja um bem". Como o relativismo cultural impõe as respostas do exterior, negando a liberdade de pensamento em questões morais, passei a considerá-lo repulsivo.

Crescer obriga-nos a questionar os valores que herdámos. E é claro que recebemos os nossos valores da sociedade, pelo menos inicialmente. Quando somos crianças, esses valores são-nos fornecidos principalmente pelos nossos pais e grupos de amigos. Depois tornamo-nos adultos. À medida que crescemos, questionamos os valores que aprendemos. Podemos aceitá-los ou rejeitá-los em bloco ou aceitá-los ou rejeitá-los parcialmente. A escolha é nossa.
Quando afirmo "Isto é um bem" refiro-me ao que eu própria sinto – é apenas uma maneira de dizer "Gosto disto". Os meus juízos de valor são acerca do que eu sinto e não acerca do que a sociedade sente. Os meus juízos de valor descrevem as minhas emoções.
Considero a liberdade moral uma parte do processo de crescimento. O que se espera das crianças é que repitam mecanicamente os valores que lhes foram ensinados; no entanto, um adulto que proceda deste modo revela que o seu processo de desenvolvimento não foi o adequado. O que se espera dos adultos é que pensem pela sua cabeça e que formem os seus próprios valores. O relativismo cultural não permite fazê-lo. Pelo contrário, tornamo-nos conformistas.
Deixem-me dar-vos um exemplo de como funciona o subjetivismo. A minha família ensinou-me a respeitar escrupulosamente a proibição de consumir bebidas alcoólicas. Na minha família beber estava "socialmente proibido". No entanto, os meus colegas de escola acham interessante beber em grandes quantidades. Neste grupo, beber é um "requisito social". O relativismo cultural afirma que devo fazer aquilo que a sociedade defende – mas que sociedade? Será que devo proceder de acordo com a minha família ou seguir o meu grupo de amigos?
O subjetivismo diz-me para seguir o que sinto. Assim, comecei a refletir no conflito entre estas diferentes normas e nas razões que lhes subjazem. A minha família desejava prevenir-me contra os perigos do excesso de bebida, enquanto os meus amigos usavam a bebida para promover o divertimento e a sociabilidade. Eu tenho um sentimento positivo acerca de cada um destes objetivos e pensei na melhor maneira de promover ambos. Após alguma reflexão, os meus sentimentos tornaram-se claros. Diziam-me para beber moderadamente.
Beber demais pode ser "fixe" (socialmente aprovado) mas conduz com frequência a agressões, ressacas, alcoolismo, gravidezes indesejadas e também à morte em acidentes de viação. Nenhuma destas consequências me agrada – por isso, sou emocionalmente contra beber demais. Eis por que razão beber demais é um mal. Muitos dos meus amigos bebem em excesso dado tratar-se de um comportamento socialmente aprovado. Isto fá-los agir como crianças. Adotaram cegamente os valores do grupo em vez de pensarem por si próprios.
Deixem-me explicar-vos alguns aspetos mais sobre o subjetivismo. Afirmei que "X é bom" significa "Gosto de X". Alguns subjetivistas preferem usar diferentes termos para expressar emoção – por exemplo, "sinto aprovação por", "tenho um sentimento positivo acerca de" ou "desejo". Contudo, não irei preocupar-me em saber qual dos termos é mais adequado.
A verdade do subjetivismo torna-se óbvia se considerarmos a maneira habitual de falar. É frequente dizermos coisas do género "Gosto disto – é bom." Estas expressões têm o mesmo significado. Acontece também perguntarmos "Gostas? – Parece-te bem?" Em ambos os casos estamos a formular uma única pergunta, embora utilizemos diferentes palavras.
A objeção colocada pela minha companheira de quarto é que podemos dizer que gostamos de coisas que não são boas. Por exemplo, "Gosto de fumar, embora fazê-lo não seja bom." Mas neste caso passamos da avaliação da satisfação imediata para a avaliação das consequências. As coisas seriam claras se disséssemos "Gosto da satisfação imediata que fumar provoca (a satisfação imediata é um bem); não gosto das consequências (as consequências não são boas)."
O subjetivismo sustenta que as verdades morais são relativas ao indivíduo. Se eu gosto de X e você não, então "X é um bem" é verdade para mim mas falso para si. Usamos a palavra "bem" para falar dos nossos sentimentos positivos. Nada é um bem ou um mal em si mesmo, independentemente dos nossos sentimentos. Os valores apenas existem como preferências de pessoas individuais. Você tem as suas preferências e eu as minhas; nenhuma preferência é objetivamente correta ou incorreta. Esta ideia tornou-me mais tolerante a respeito das pessoas com sentimentos diferentes e, portanto, com diferentes crenças morais.
A minha colega defende que os juízos morais traduzem afirmações objetivas acerca do que em si mesmo é verdadeiro, independentemente dos nossos sentimentos, e que o subjetivismo não tem este facto em consideração. Mas a objetividade é uma ilusão que resulta de objetivarmos as nossas reações subjetivas. Rimo-nos de uma piada e afirmamos que a piada é "engraçada" – como se ser engraçado fosse uma propriedade objetiva das coisas. Quando gostamos de uma coisa dizemos que é "boa" – como se ser boa fosse objetivo. Nós, os subjetivistas, não nos deixamos enganar por este tipo de ilusões gramaticais.
Na prática, todos seguimos o que sentimos em questões morais. Contudo, apenas os subjetivistas são suficientemente honestos para o admitir e pôr de lado o apelo a uma pretensa objetividade.
Tradução de Paulo Ruas
Extraído de Ethics: A contemporary introduction, de Harry Gensler (Routledge, 1998)
TAREFA: Quais são as razões que a Ana aponta em defesa do subjetivismo? (Deixa a tua resposta na caixa dos comentários.)

15 comentários:

Anónimo disse...

Por exemplo ao contrário do relativismo cultural, o subjetivismo defende a liberdade moral, defende que devemos agir consoante o que sentimos.
As razões que a Ana aponta em defesa do subjetivismo são que o subjetivismo sustenta que as verdades morais são relativas ao indivíduo, que os valores apenas existem como preferências de pessoas individuais, e que esta ideia faz com que as pessoas tenham diferentes crenças morais. E embora a objetividade seja uma ilusão que resulta de objetivarmos as nossas reações subjetivas, os subjetivistas, não se deixam enganar por este tipo de ilusões gramaticais.
Outra das razões que ela defende é que na prática, todos seguimos o que sentimos em questões morais mas que apenas os subjetivistas são suficientemente honestos para o admitir e pôr de lado o apelo a uma pretensa objetividade.
Márcia Teixeira,10ºD,nº 19

Armando' disse...

As razões da Ana são que o subjectivismo sustenta as verdades morais relativas ao individuo; que os valores apenas existem com a preferência de cada um e que, assim sendo, as crenças morais variam de pessoa para pessoa.

Anónimo disse...

Em defesa do subjetivismo, a Ana apresenta várias razões. Razões essas que dizem que os factos morais dizem apenas respeito aos sentimentos de aprovação ou reprovação de cada um, e os juízos morais não fazem mais que descrever esses sentimentos pessoais.
Daniela Santos nº9 10ºD

Anónimo disse...

O subjetivismo moral é a teoria segundo a qual, embora existem factos morais, estes não são objetivos. Para os subjetivistas os juízos morais descrevem apenas os nossos sentimentos de aprovação ou reprovação acerca das pessoas e daquilo que elas fazem. A Ana apresenta várias características do subjetivismo: que os factos morais dizem apenas respeito aos sentimentos de aprovação e de reprovação como por exemplo « x é bom » ou «X é moralmente bom» significa , «eu aprovo X »; « X é mau » ou « X é moralmente mau », significa «Eu reprovo X» Os juízos morais tem valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende da perspetiva que o sujeito que faz o juízo.
Daniela Lima nº8 10ºD

Anónimo disse...

O subjetivismo defende a ideia de que todos nós somos livres de agir segundo a nossa moral. Aquilo que nós achamos moralmente correto pode ser ou não aquilo que os outros acham, contudo, ambas as vertentes são proposições verdadeiras dependendo do ponto de vista de cada um. Assim sendo o subjetivismo torna possivel a liberdade na medida em que podemos argumentar as diferenças entre o certo e o errado, entre o bem e o mal tendo em conta os nossos sentimentos e não os sentimentos dos outros.
Ana Basílio nº2 10ºD

Anónimo disse...

As razões que a Ana aponta em defesa do subjectivismo são: os juízos morais têm valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende da perspectiva do sujeito que faz o juízo, e há factos morais, mas estes são subjectivos, pois só dizem respeito aos sentimentos de aprovação ou reprovação das pessoas.

Inês Santos 10ºD nº14

Cristiana Lopes disse...

As razoes da que a Ana aponta em defesa do subjetivismo sao: o facto de tornar possivel a liberdade. O certo ou errado dependem, portanto dos sentimentos de cada um. E, os juizos morais têm valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende de pessoa para pessoa, por exemplo: eu posso reprovar o racismo mas outra pessoa pode ter uma ideia diferente da minha e aprovar, bem entao ambas as ideias estão corretas pois tudo depende dos sentimentos da pessoa.

Anónimo disse...

As razões que a Ana aponta em defesa do subjetivismo baseiam-se no facto de que esta crença defende tudo o que escolhemos por instinto.
Esta Ana Subjetivista aponta que no subjetivismo não há valores morais que sejam completamente certos ou errados, tem tudo a ver com o que pensamos e que a nossa individualidade é que conta.
Esta teoria despreza o relativismo moral, defendendo que não devemos seguir o que uma sociedade pensa mas sim o que pensamos, e ainda aponta uma boa objeção: se houver duas sociedades que pensam de formas diferentes, qual devemos seguir? Ainda referindo que um bem para nós pode não ser um bem para os outros.
Remata ainda que o relativismo é uma ilusão e por isso não algo válido que devemos obedecer, pois acabamos por defender o que os outros pensam na ilusão de que estamos a defender uma crença nossa.
Basicamente o subjetivismo é a intervenção do nosso instinto nas nossas escolhas em vez de serem os padrões sociais tomarem esse lugar.

Iliane Soares nº12 10ºD

Anónimo disse...

O subjetivismo moral defende a liberdade moral, ou seja cada pessoa deve agir conforme aquilo que sente, tem a liberdade de o fazer.
A Ana aponta em defesa do objetivismo a ideia de que cada individuo tem crenças diferentes, têm sentimentos diferentes. Cada juízo moral tem valor de verdade, mas este depende de pessoa para pessoa.

Mariana Moitoso nº21 10ºD

Anónimo disse...

*subjetivismo

Anónimo disse...

As razões que a Ana apresenta a favor do subjetivismo são: o subjetivismo diz-nos para seguirmos o que sentimos, ou seja, nós não nos devemos submeter àquilo que os outros pensam e acham bem, mas sim àquilo que nós achamos correto. O subjetivismo defende também que as verdades morais são relativas ao indivíduo; os valores apenas existem como preferências de pessoas individuais.

Carolina Ferreira, nº1. 10ºD

Anónimo disse...

As razões que a Ana aponta em defesa do subjectivismo são: os juízos morais tem valor de verdade, mas o seu valor de verdade depende dos sentimentos do sujeito.

Andreia Santos 10ºD nº3

Anónimo disse...

As duas razões que a Ana apresenta a favor do subjetivismo são que este sustenta as verdades morais relativas ao individuo, isto é os valores existem apenas como preferências dos indivíduos; diz-nos para seguirmos o que sentimos, ou seja, nós não nos devemos deixar influenciar por aquilo que os outros pensam, mas sim àquilo que nós achamos correto ou errado, bem ou mal.

Daniel Lopes nº7 10 D

Anónimo disse...

As razões que a Ana apresenta em defesa do subjetivismo é que, existem factos morais mas estes não são objetivos ,ou seja são subjetivos Os factos morais apenas dizem respeito aos sentimentos de aprovação ou reprovação das pessoas, ou seja" Eu aprovo X" ou " Eu reprovo X"
Dayana Gândara N 20 10 D

Anónimo disse...

As razões que a Ana aponta em defesa do subjectivismo são que ao contrário do relativismo cultural, o subjectivismo defende a liberdade moral, que o subjectivismo sustenta as verdades morais relativas a cada indivíduo, o subjetivismo diz-nos para seguirmos o que sentimos, ou seja, nós não nos devemos submeter àquilo que os outros pensam e acham bem, mas sim àquilo que nós achamos correto.

Bruno Henriques Nº5 10ºD