quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

QUEM PRECISA DA ÉTICA?



Porque é que não basta seguirmos os nossos sentimentos, ou “seguir o instinto”, quando pensamos no que deveríamos fazer, ou como deveríamos viver?
Os sentimentos são essenciais, como é evidente. Uma vida sem amor, agitação e até mesmo dor não é vida. Nenhuma ética em consonância com a vida é capaz de o negar. Só que os sentimentos não são tudo. Podem ser o começo, mas não são o fim. Também deve haver um cerro tipo de pensamento.
Vejamos o caso do preconceito. Ser preconceituoso é ter um forte sentimento negativo em relação a alguém pertencente a uma diferente etnia, sexo, idade, classe social, etc. Se a ética fosse apenas uma questão de sentimentos, nada haveria a dizer contra tais preconceito. Seria perfeitamente moral discriminar pessoas das quais não gostássemos.
O instinto diz que sim. A ética diz que não. Em contrapartida, a ética pode desafiar estes mesmos sentimentos. “Preconceito” quer literalmente dizer “pré-conceito”: é uma forma de não prestar realmente atenção. Mas é preciso prestar atenção. É preciso perguntarmo-nos porque é que nos sentimos de determinada maneira, se as nossas convicções e sentimentos são verdadeiros ou justos, como nos sentiríamos na pele de outra pessoa, e assim por diante. Em resumo, precisamos de nos perguntar se os nossos sentimentos se justificam e, quando não, que sentimentos alternativos os deveriam substituir.
Assim, a ética pede para pensarmos cuidadosamente, até mesmo sobre sentimentos que podem ser muito fortes. A ética pede para vivermos atentamente: preocuparmo-nos com o modo como agimos e até mesmo como sentimos.
WESTON, Anthony, Ética para o dia-a-dia, 1ª edição, Lisboa, Ésquilo, 2002, pp. 15-16

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