O Libertismo é a perspectiva de que pelo menos algumas das nossas acções são livres porque, na verdade, não estão causalmente determinadas. Segundo esta teoria, as escolhas humanas não estão constrangidas da mesma forma que outros acontecimentos do mundo. Uma bola de bilhar, quando é atingida por outra bola de bilhar, tem de se mover numa certa direcção a uma certa velocidade. Não tem escolha. As leis causais determinam rigorosamente o que irá acontecer. Contudo, uma decisão humana não é assim. Neste preciso momento, o leitor pode decidir continuar a ler ou parar de ler. Pode fazer qualquer uma destas coisas e nada o faz escolher uma delas. As leis causais não têm poder sobre si
Isto não é muito plausível. Ainda assim, esta forma de pensar foi defendida por diversos filósofos e propuseram-se vários argumentos a seu favor.
O argumento da experiência.
O argumento da experiência.
Podemos começar com a ideia de que sabemos que somos livres porque cada um de nós apercebe-se imediatamente de ser livre cada vez que faz uma escolha consciente. Pense novamente no que está a fazer neste momento: ler uma página que está diante de si. Pode continuar a ler ou parar de ler. O que irá fazer? Pense na sensação que tem agora, enquanto pondera estas opções. Não sente constrangimentos. Nada o impede de seguir numa direcção nem o força a fazê-lo. A decisão é sua. A experiência de liberdade, poder-se-á dizer, é a melhor prova que podemos ter.
Isto pode não parecer muito um argumento, dado que a sua «sensação de ser livre» pode ser uma ilusão. Talvez se sinta livre apenas porque não está consciente das forças causais em acção. Ainda assim, considere o seguinte: antes de rejeitarmos uma crença em que temos uma grande confiança, devemos dispor de provas da sua falsidade em que tenhamos ainda mais confiança. E podemos ter uma confiança na nossa experiência de liberdade maior do que a que poderemos ter em quaisquer argumentos contra o livre-arbítrio.
Na sua discussão com Boswell, Samuel Johnson avançou esta ideia quando disse: «Estás mais certo de poder levantar o teu dedo como te apetecer do que de qualquer conclusão de uma dedução ou raciocínio. (…) Toda a teoria está contra o livre-arbítrio; toda a experiência está a seu favor.» E a experiência, pensava o Dr. Johnson, é mais certa do que meras teorias.
Aqui a ideia geral pode ser inatacável. Quando temos experiência directa de uma coisa, devemos querer provas muito fortes antes de deixarmos de acreditar nela. No entanto, o problema é que as provas contra o livre-arbítrio tendem a destruir a confiança na nossa experiência. José Delegado descobriu que podia levar as pessoas a fazer coisas estimulando electricamente o seu cérebro, como olhar por cima do seu ombro, e que depois elas davam razões para o que tinham feito, como «Estava à procura da minha almofada». Os pacientes de Delegado, que não sabiam que o seu cérebro estava a ser estimulado, tinham experiência de que os seus movimentos eram voluntários. Talvez sejamos como eles. Que diferença existirá entre nós e eles, a não ser o facto de sabermos qual é, no contexto experimental, o acontecimento electroquímico que causa a acção, enquanto na vida quotidiana ignoramos o que está a acontecer no nosso cérebro?
Na sua discussão com Boswell, Samuel Johnson avançou esta ideia quando disse: «Estás mais certo de poder levantar o teu dedo como te apetecer do que de qualquer conclusão de uma dedução ou raciocínio. (…) Toda a teoria está contra o livre-arbítrio; toda a experiência está a seu favor.» E a experiência, pensava o Dr. Johnson, é mais certa do que meras teorias.
Aqui a ideia geral pode ser inatacável. Quando temos experiência directa de uma coisa, devemos querer provas muito fortes antes de deixarmos de acreditar nela. No entanto, o problema é que as provas contra o livre-arbítrio tendem a destruir a confiança na nossa experiência. José Delegado descobriu que podia levar as pessoas a fazer coisas estimulando electricamente o seu cérebro, como olhar por cima do seu ombro, e que depois elas davam razões para o que tinham feito, como «Estava à procura da minha almofada». Os pacientes de Delegado, que não sabiam que o seu cérebro estava a ser estimulado, tinham experiência de que os seus movimentos eram voluntários. Talvez sejamos como eles. Que diferença existirá entre nós e eles, a não ser o facto de sabermos qual é, no contexto experimental, o acontecimento electroquímico que causa a acção, enquanto na vida quotidiana ignoramos o que está a acontecer no nosso cérebro?
O argumento da responsabilidade
O pressuposto de que temos livre-arbítrio está profundamente enraizado nas nossas formas habituais de pensar. Ao reagir a outras pessoas, não conseguimos deixar de as ver como autoras das suas acções. Consideramo-las responsáveis, censurando-as caso se tenham comportado mal e admirando-as caso se tenham comportado bem. Para que estas reacções estejam justificadas, parece necessário que as pessoas tenham livre-arbítrio.
Outros sentimentos humanos importantes, como o orgulho e a vergonha, também pressupõem o livre-arbítrio. Alguém que conquista uma vitória ou tem um sucesso num exame pode sentir-se orgulhoso, enquanto alguém que desiste ou faz batota pode sentir-se envergonhado. Porém, se as nossas acções se devem sempre a factores que não controlamos, os sentimentos de orgulho e de vergonha são infundados. Estes sentimentos são uma parte inescapável da vida humana. Assim, uma vez mais, parece inescapável que nos concebamos livres.
Podemos, portanto raciocinar desta forma:
Não conseguimos deixar de admirar ou de censurar as pessoas pelo que fazem, nem conseguimos deixar de, por vezes, sentir orgulho ou vergonha pelo que fazemos.
Estas reacções – admiração, censura, orgulho e vergonha – não seriam apropriadas se as pessoas não tivessem livre-arbítrio.
Logo, temos de acreditar que as pessoas têm livre-arbítrio.
Dado que temos de ter essa crença, temo-la de facto: as pessoas têm livre-arbítrio.
RACHELS, James, Problemas da Filosofia, 1ª edição, 2009. Lisboa: Edições Gradiva, pp. 183-191
Podemos resumir o argumento da experiência deste modo:
Se inúmeras pessoas têm a experiência ou sensação de ser livres, então a crença no livre-arbítrio é verdadeira.
Ora, inúmeras pessoas têm a experiência ou sensação de ser livres.
Logo, a crença no livre-arbítrio é verdadeira.
Logo, a crença no livre-arbítrio é verdadeira.
Podemos resumir o argumento da responsabilidade deste modo:
Se não existisse livre-arbítrio, então não teria sentido responsabilizar as pessoas.
Mas tem sentido responsabilizar as pessoas.
Mas tem sentido responsabilizar as pessoas.
Logo, existe livre-arbítrio.
O Libertismo opõe-se ao Determinismo radical. Os principais argumentos do Libertismo são o argumento da experiência e o argumento da responsabilidade. São bons argumentos? Justifique.
21 comentários:
Penso que sim, porque sao argumentos em que a conclusao é defendida por boas premissas
Sim, são bons argumentos a favor do libertismo. Em ralação à estrutura dos argumentos é fundamental que para sustentar a ideia seja um argumento bom ou cogente, sendo as premissas mais plausíveis que a conclusão. Mas quanto aos argumentos, às ideias em si, penso até que são as melhores formas de apoiar esta teoria do libertismo. O libertismo está directamente relacionado com a liberdade, uma vez que defende a liberdade nas nossas escolhas e consequentemente o livre-arbítrio, opondo-se à determinação das acções antes de realizadas, o determinismo radical. A experiência é sem dúvida um forte facto que apoia o libertismo, pois muitas vezes fazemos as nossas escolhas de acordo com experiências vividas até ao momento. E a responsabilidade também interfere com as nossas escolhas no dia-a-dia. No entanto, na minha opinião, se pensarmos bem a experiências contradiz-se. Ora vejamos: se fizermos uma determinada escolha baseada nas nossas experiências, estamos a ir buscar fundamentos e razões a um acto passado, por isso o próprio passado está a influenciar indirectamente as nossas decisões, logo penso que leva ao determinismo radical.
Eu acho que sim, porque tem muito boas premissas e quando as premissas são boas a conclusão é bem defendida.
Sim, eu acho que sao bons argumentos visto que tem boas permissas. Boas o suficiente para puderem sustentar uma boa conclusao, o que torna o argumento válido.
''Se não existisse livre-arbítrio, então não teria sentido responsabilizar as pessoas.
Mas tem sentido responsabilizar as pessoas.
Logo, existe livre-arbítrio.''
Este sim penso ser um bom argumento, umargumento convincente. Porque nao faz sentido culpar uma pessoa por uma coisa que esta fez sem liberdade, por uma coisa que ela propria nao podia evitar. Logo, para responsabilizar alguem moralmente convem que esse alguem seja realmente culpado, e para esse alguem ser culpado tem que ter feito determinada acçao voluntariamente, e se esse alguem executou determinada acção voluntariamente, entao existe Libre-arbitrio
estes argumentos são bons, traduzem a verdade, de certa forma este argumento esta acertado e faz sentido. Se nao temos livre-arbitrio nao temos responsabilidade, ou seja, se tudo e determinado nao temos responsabilidade, ja esta definido as coisas serem assim, mas visto que devemos ter responsabilidade temos livre-arbitrio, temos de ter consciencia daquilo que fazemos, pois somos livres de fazer algo, logo temos de ter responsabilidade daquilo que estamos a fazer e depois sofrer com as consequencias, porque em tudo onde há causas há consequencias
ana cruz nº1 10ºc
Sem dúvida, que são bons argumentos a favor do libertismo. Uma ideia é necessária ser argumentada por um argumento cogente, deste modo, as premissas têm que ser mais plausíveis que a conclusão. O libertismo defende a liberdade nas nossas escolhas e consequentemente o livre-arbítrio, opõe-se à teoria do determinismo radical.
Por vezes, ao fazermos escolhas estamos a buscar para isso, razões a um possível feito anterior. Logo, o passado influencia de certa forma as nossas decisões.
-José Alexandre Teixeira nº11 10ºC
Eu penso que os argumentos a favor do libertismo são bons. Eu penso isto, porque as premissas são bastantes plausíveis e indubitavelmente a conclusão torna-se verdadeira.
Eu acho que os argumentos a favor do libertismo são bons, uma vez, que o argumento apresenta boas permissas capazes de sustentarem a conclusão, sendo assim verdadeira.
Acho que estamos perante bons argumentos porque se as premissas forem verdadeiras as conclusoes sao necessariamente verdadeiras.
Embora que para quam defende outras teses estes argumentos nao sao verdadeiros, mas como aprendizes de filosofo devemos analisar os argumentos de forma inparcial.
Penso que, de facto estes são argumentos bons, cogentes, uma vez que são argumentos sólidos em que as premissas são mais plausíveis que a conclusão.
Acho que faz tudo o sentido responsabilizar as pessoas pelas suas acções, e se para que as pessoas sejam responsabilizadas pelas suas acções é necessário existir livre arbítrio então, existe livre arbítrio, porque faz sentido que as pessoas sejam frequentemente responsabilizadas pelas suas acções. Logo o livre-arbítrio existe, uma vez que faz tudo o sentido responsabilizar as pessoas pelas suas acções.
Tatiana Raquel pereira, nº22...10ºC
Eu reconheço que os argumentos que defendem o libertismo são bons ou cogentes, pois penso que apresentam premissas mais plausíveis do que a a conclusão. Quanto ao argumento da responsabilidade, acho que é bom, pois uma pessoa deve ser respnsabilizada pelas acções que efectua. Quanto ao argumento da experiência também acredito que seja bom, pois existem inúmeras pessoas que creêm na existência do livre-arbítrio.
Se as premissas são verdadeiras , a conclusão tem necessariamente que o ser.
Logo, os argumentos a favor do libertismo são bons.
10ºC Nº13
Sim, porque temos de responsabilizar as pessoas por aquilo que estas fazem. E se nós as responsabilizamos é porque elas, realmente tiveram culpa naquilo que fizeram. Portanto tem de existir livre-arbítrio para que estas pessoas sejam responsabilizadas.
São bons argumentos, porque tanto as premissas como as conclusões são verdadeiras.
Sara Fernandes n.º20 10.ºC
sim, estes argumentos sao bons a favor do libertismo.
Mas se pensarmos bem, as nossas acçoes estao sempre ligadas a crenças e a desejos. Por isso acho que o livre-abitrio é uma ilusao
Penso que estes argumentos a favor do libertismo são bons porque a partida as premissas são verdadeiras logo a conclusão também é verdadeira.
O libertismo opõe-se ao determinismo radical. pois este defende que nós temos liberdade de fazer tudo o que queremos e não temos controle sobre nós. também defende que temos a ideia que somos livres como diz o texto tanto posso continuar a ler esta página ou parar por ali nada impede que façamos o que quer que seja. por isto acho que os argumentos são bons.
Penso que estes argumentos a favor do libertismo são bons argumentos. São argumentos cogentes, visto que as premissas são mais plausiveis que a conclusão.
As ideias que constam nestes argumentos são boas formas para defender o libertismo.
Posso afirmar que a liberdade está directamente relacionada com o libertismo, pois nas nossas escolhas, mesmo com restrições, temos a liberdade de escolher entre duas ou mais coisas(depende das hipóteses que temos).
O libertismo também está relacionado com a experiência, pois em muitos casos fazemos escolhas apoiando-nos em experiências que já vivemos, mas não acho que seja muito credível pois ao fazermos escolhas apoiando-nos nas experiências estamos de um certo modo a apoiar o determinismo radical, pois estamos a recorrer a actos passados.
O mesmo está relacionado com a responsabilidade de uma certa forma.
Maria Corujo nº24 10ºC
Acho que são bons argumentos porque tem boas premissas, que por sinal são mais plausáveis que a conclusão-argumeno cogente.
As ideias presentes nos argumentos são boas, porque temos liberdade para fazermos as nossas escolhas, dependendo das que temos (por ex. o que o professor deu na aula- na cantina temos a liberdade de escolhermos entre banana, pera ou maçã). Por isto é que a liberdade tem haver com o libertismo e vice-versa.
Eu acho que sim, porque este argumento tem boas premissas. E tendo boas premissas a conclusão torna-se boa, apesar de as premissas têm de ser mais plausíveis que esta.
acho que sim porque as permissas a favor dos conceitos apresentados são boas por isso a conclusão também, portanto os argumentos que apoiam os conceitos são bons.
Ana Rita Almeida nº2 10ºC
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awsome :D
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