É impossível ficarmos indiferentes face a tão suave escultura que se encontra na Basílica de S. Pedro em Roma -Vaticano. Miguel Ângelo fez emergir a Virgem e o seu Filho dum único bloco de mármore, usando uma técnica tão perfeita que a composição quase parece um baixo - relevo. A perfeição e o pormenor são de tal ordem, que o mármore realça a diferença entre o manto trabalhado da Virgem e a pele delicada do Cristo. O mármore é tão vivo que vemos a transpiração exangue dos poros de Cristo e sentimos a respiração soluçante da Mãe. A composição escultórica exprime o sofrimento interior numa delicadeza contida. Não vemos as lágrimas da Virgem nem os seus olhos dourados que estão concentrados no Filho jazente. O que nos apaixona na escultura, é a beleza das feições da Virgem quase Menina com o Filho adormecido no regaço. O abandono da perna esquerda de Cristo mais recorda o sono suave de uma criança do que um corpo a expirar.
Giorgio Vasari referiu-se com palavras sentidas à beleza espiritual do corpo de Cristo, ao dulcíssimo semblante, à assombrosa harmonia do rosto adolescente da Virgem: “ é um milagre que uma pedra, inicialmente sem forma alguma, se possa ter tornado naquela perfeição que a natureza costuma formar somente na carne.”
O comentário que Miguel Ângelo fez da sua Pietà mostra que a interioridade da composição dependia da beleza que ele pretendia imprimir à escultura, sobretudo, quando explica o contraste de feições juvenis e suaves da Virgem e o rosto adulto de Cristo: “ Não sabes tu – dizia ele a Ascanio Condivo – que as mulheres castas se conservam muito mais frescas que as que não são castas? Quanto mais, uma Virgem que jamais teve o menor desejo imodesto a perturbar-lhe o corpo. Em relação ao Filho, nada de milagre: ele encarnou no homem e não há necessidade de fazer desaparecer o humano por detrás do divino”.Quem já teve a felicidade de contemplar esta obra de arte é com pesar que abandona o local pois a vontade é permanecer perante ela eternamente.
Isabel Laranjeira, docente de Filosofia da Escola Frei Rosa Viterbo - Sátão
Giorgio Vasari referiu-se com palavras sentidas à beleza espiritual do corpo de Cristo, ao dulcíssimo semblante, à assombrosa harmonia do rosto adolescente da Virgem: “ é um milagre que uma pedra, inicialmente sem forma alguma, se possa ter tornado naquela perfeição que a natureza costuma formar somente na carne.”
O comentário que Miguel Ângelo fez da sua Pietà mostra que a interioridade da composição dependia da beleza que ele pretendia imprimir à escultura, sobretudo, quando explica o contraste de feições juvenis e suaves da Virgem e o rosto adulto de Cristo: “ Não sabes tu – dizia ele a Ascanio Condivo – que as mulheres castas se conservam muito mais frescas que as que não são castas? Quanto mais, uma Virgem que jamais teve o menor desejo imodesto a perturbar-lhe o corpo. Em relação ao Filho, nada de milagre: ele encarnou no homem e não há necessidade de fazer desaparecer o humano por detrás do divino”.Quem já teve a felicidade de contemplar esta obra de arte é com pesar que abandona o local pois a vontade é permanecer perante ela eternamente.
Isabel Laranjeira, docente de Filosofia da Escola Frei Rosa Viterbo - Sátão
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