Segundo a Bíblia, que é a verdade literal, Deus existe, sempre existiu e criou o universo em sete dias, há alguns milhares de anos. Os argumentos históricos são aparentemente satisfatórios para aqueles que os aceitam, mas simplesmente não podem ser introduzidos numa investigação séria, visto que são manifestamente questionáveis. Não é possível conceder a nenhum texto o estatuto de “verdade divina” sem excluir, à partida, toda e qualquer investigação racional.
Restam-nos os argumentos tradicionais debatidos longamente pelos filósofos e teólogos ao longo dos séculos, alguns empíricos – como o Argumento do Desígnio – e alguns puramente a priori ou lógicos – tais como o Argumento Ontológico e o Argumento Cosmológico.
Os argumentos lógicos são considerados por muitos pensadores, incluindo muitos filósofos que os examinaram cuidadosamente durante anos, como truques de magia ou puzzles intelectuais, mais do que propostas cientificamente sérias. Consideremos o Argumento Ontológico, formulado pela primeira vez por Santo Anselmo, no século XI, como uma resposta directa ao Salmo 14:1, sobre o que o insensato diz no seu coração. Se o insensato compreende o conceito de Deus, afirma Santo Anselmo, deveria compreender que Deus é (por definição) o maior ser concebível – ou, numa famosa expressão de malabarismo mental, o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido. Mas entre as perfeições que o maior Ser concebível teria de ter está a existência, visto que, se Deus carecesse de existência não seria o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido, mas essa é a definição de Deus e, por consequência, Deus tem de existir. Este argumento parece-lhe convincente? Ou suspeitam que se trata de uma espécie de “truque com espelhos” lógico? (Poderíamos usar o mesmo esquema de argumento para provar a existência do gelado mais perfeito que é concebível conceber – visto que, se não existisse, haveria um mais perfeito concebível: nomeadamente, um que existisse?)
O Argumento Cosmológico, que, na sua forma mais simples, postula que, já que tudo tem de ter uma causa, o universo tem de ter uma causa – nomeadamente Deus – não mantém a simplicidade por muito tempo. Algumas pessoas negam a premissa, já que a Física Quântica nos ensina que nem tudo o que acontece tem de ter uma causa. Outras pessoas preferem aceitar a premissa e em seguida perguntar – O que causou Deus? A resposta que Deus é auto-causado (de alguma forma) suscita refutação: Se alguma coisa pode ser auto-causada, por que não pode o universo no seu todo ser a coisa que é auto-causada?
Restam-nos os argumentos tradicionais debatidos longamente pelos filósofos e teólogos ao longo dos séculos, alguns empíricos – como o Argumento do Desígnio – e alguns puramente a priori ou lógicos – tais como o Argumento Ontológico e o Argumento Cosmológico.
Os argumentos lógicos são considerados por muitos pensadores, incluindo muitos filósofos que os examinaram cuidadosamente durante anos, como truques de magia ou puzzles intelectuais, mais do que propostas cientificamente sérias. Consideremos o Argumento Ontológico, formulado pela primeira vez por Santo Anselmo, no século XI, como uma resposta directa ao Salmo 14:1, sobre o que o insensato diz no seu coração. Se o insensato compreende o conceito de Deus, afirma Santo Anselmo, deveria compreender que Deus é (por definição) o maior ser concebível – ou, numa famosa expressão de malabarismo mental, o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido. Mas entre as perfeições que o maior Ser concebível teria de ter está a existência, visto que, se Deus carecesse de existência não seria o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido, mas essa é a definição de Deus e, por consequência, Deus tem de existir. Este argumento parece-lhe convincente? Ou suspeitam que se trata de uma espécie de “truque com espelhos” lógico? (Poderíamos usar o mesmo esquema de argumento para provar a existência do gelado mais perfeito que é concebível conceber – visto que, se não existisse, haveria um mais perfeito concebível: nomeadamente, um que existisse?)
O Argumento Cosmológico, que, na sua forma mais simples, postula que, já que tudo tem de ter uma causa, o universo tem de ter uma causa – nomeadamente Deus – não mantém a simplicidade por muito tempo. Algumas pessoas negam a premissa, já que a Física Quântica nos ensina que nem tudo o que acontece tem de ter uma causa. Outras pessoas preferem aceitar a premissa e em seguida perguntar – O que causou Deus? A resposta que Deus é auto-causado (de alguma forma) suscita refutação: Se alguma coisa pode ser auto-causada, por que não pode o universo no seu todo ser a coisa que é auto-causada?
DENNETT, Daniel, Quebrar o Feitiço – a religião como fenómeno natural, 1ª edição, 2008. Lisboa: Esfera do Caos Editores, pp. 196-197
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