Para vermos como funciona as relações de ajuda, eis um exemplo imaginário:
Max é um pequeno agricultor com uma seara pronta a ceifar. As nuvens de chuva acastelam-se no horizonte: a menos que Max consiga ajuda, choverá antes que ele consiga recolher o cereal. O cereal que não recolher estragar-se-á. Por isso, Max pede a Lyn, sua vizinha, cuja seara não está ainda pronta a ceifar, se o ajuda a fazer a sua ceifa. Em troca, oferece-se para a ajudar quando for chegada a altura de ceifar o cereal dela. Max terá vantagem em que Lyn o ajude. Mas terá Lyn vantagem em ajudar Max? Terá, se isso significar que Max a ajudará, pois também ela às vezes tem dificuldade em conseguir recolher a colheita antes da chuva. Mas pode confiar na promessa de Max? Como sabe ela que, depois de o ter ajudado na colheita, ele não se limitará a rir quando lhe for solicitada ajuda? Se ela não puder estar sequer moderadamente confiante de que Max a ajudará, não é do seu interesse ajudá-lo. Poderia empregar melhor o seu tempo mondando algumas ervas daninhas que atrasam o crescimento da sua cultura. O problema de Max é que, se quiser fazer a colheita antes que o cereal se estrague, tem de algum modo de convencer Lyn de que, se ela o ajudar, ele ajudá-la-á.
Nalgumas sociedades, Max e Lyn poderiam afirmar um acordo formal e, se Max quebrasse o acordo, Lyn teria direito a alguma forma de indemnização pelo prejuízo causado. Mas se Max e Lyn viverem numa sociedade onde não existe tal meio de firmar um acordo de obrigação, o melhor que Max tem a fazer é conquistar a confiança de Lyn. Se tiver reputação de ser digno de confiança, isto não constituirá problema.
SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 240-241
Max é um pequeno agricultor com uma seara pronta a ceifar. As nuvens de chuva acastelam-se no horizonte: a menos que Max consiga ajuda, choverá antes que ele consiga recolher o cereal. O cereal que não recolher estragar-se-á. Por isso, Max pede a Lyn, sua vizinha, cuja seara não está ainda pronta a ceifar, se o ajuda a fazer a sua ceifa. Em troca, oferece-se para a ajudar quando for chegada a altura de ceifar o cereal dela. Max terá vantagem em que Lyn o ajude. Mas terá Lyn vantagem em ajudar Max? Terá, se isso significar que Max a ajudará, pois também ela às vezes tem dificuldade em conseguir recolher a colheita antes da chuva. Mas pode confiar na promessa de Max? Como sabe ela que, depois de o ter ajudado na colheita, ele não se limitará a rir quando lhe for solicitada ajuda? Se ela não puder estar sequer moderadamente confiante de que Max a ajudará, não é do seu interesse ajudá-lo. Poderia empregar melhor o seu tempo mondando algumas ervas daninhas que atrasam o crescimento da sua cultura. O problema de Max é que, se quiser fazer a colheita antes que o cereal se estrague, tem de algum modo de convencer Lyn de que, se ela o ajudar, ele ajudá-la-á.
Nalgumas sociedades, Max e Lyn poderiam afirmar um acordo formal e, se Max quebrasse o acordo, Lyn teria direito a alguma forma de indemnização pelo prejuízo causado. Mas se Max e Lyn viverem numa sociedade onde não existe tal meio de firmar um acordo de obrigação, o melhor que Max tem a fazer é conquistar a confiança de Lyn. Se tiver reputação de ser digno de confiança, isto não constituirá problema.
SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 240-241
Sem comentários:
Enviar um comentário