Aqueles que agem eticamente escolhem um modo de vida alternativo, contrário à procura tacanha, acumuladora e competitiva do interesse próprio, que, como vimos, domina agora o Ocidente e já não é posta em causa nem nos antigos países comunistas. A ética não pode ser reduzida a um simples conjunto de regras, como “não dizer mentiras”, “não matar” ou “não ter relações sexuais senão com quem se casou”. As regras são úteis para educar as crianças e como guia prático para quando é difícil pensar cuidadosa e calmamente. Sob alguns aspectos, são como receitas culinárias. Quando se é um cozinheiro inexperiente pode segui-las geralmente; mas um bom cozinheiro sabe quando e como adaptá-las. Tal como nenhum livro de receitas poderá alguma vez abranger todas as circunstâncias nas quais possamos querer cozinhar uma refeição saborosa, também a própria vida é demasiado variada para que qualquer conjunto finito de regras constitua uma fonte absoluta de sabedoria moral.
As regras morais que ainda são ensinadas na maioria das sociedades não são muitas vezes aquelas que mais precisamos de ensinar às crianças de hoje em dia. A tensão entre interesse próprio e ética que está no centro deste livro existe independentemente da ética religiosa, ou, mais especificamente, cristã, mas a ênfase tradicional cristã na negação de prazeres sexuais, tem grande responsabilidade no aumento da tensão até, em muitas pessoas, está alcançar o ponto de ruptura, tendo como resultado ou o abandono da ética ou um sentido de culpa e profanação.
As regras morais que ainda são ensinadas na maioria das sociedades não são muitas vezes aquelas que mais precisamos de ensinar às crianças de hoje em dia. A tensão entre interesse próprio e ética que está no centro deste livro existe independentemente da ética religiosa, ou, mais especificamente, cristã, mas a ênfase tradicional cristã na negação de prazeres sexuais, tem grande responsabilidade no aumento da tensão até, em muitas pessoas, está alcançar o ponto de ruptura, tendo como resultado ou o abandono da ética ou um sentido de culpa e profanação.
SINGER, Peter, Como Havemos de Viver – a ética numa época de individualismo, 1ª edição, 2006. Lisboa: Dinalivro, pp. 303-304
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