sexta-feira, 4 de julho de 2008

O AMOR ii

Os amantes querem pertencer um ao outro por toda a eternidade. É isto que exprimem daquela maneira estranha que consiste em abraçarem-se no fervor do momento, na suposição de que toda a satisfação e prazer da bênção do amor haja de residir aí. Mas todo o prazer é egoísta. O prazer do amante não é decerto egoísta em relação ao da pessoa amada, mas o dos dois em união é absolutamente egoísta, na medida em que ambos em união e amor formam um ego. E contudo são enganados; porque no mesmo instante a espécie triunfa sobre os indivíduos, a espécie sai vitoriosa enquanto os indivíduos ficam reduzidos a submeter-se ao serviço dela.
Kierkegaard, In Vino Veritas, 1ª edição, 2005. Lisboa: Antígona, pp. 77-78

Sem comentários: