quinta-feira, 6 de novembro de 2008

SUBJECTIVISMO ÉTICO iv

Parte IV
Objecções à teoria do observador ideal
A teoria do observador ideal representa uma melhoria significativa relativamente ao relativismo e ao subjectivismo. Infelizmente, esta concepção, pelo menos tal como até aqui foi desenvolvida, contém dificuldades.
A condição de "imparcialidade" não é clara. Será que requer a mesma preocupação com todas as pessoas, independentemente de se tratar do nosso filho ou de alguém que nunca vimos? Seria isto um bem? E se a imparcialidade não é isto que requer, então o que é exactamente?
A condição de "estar totalmente informado" parece demasiado idealizada. Será que não implicaria possuir uma quantidade infinita de conhecimento e, portanto, um cérebro infinito? Se os seres humanos são incapazes de estarem completamente informados, será que faz sentido interrogarmo-nos acerca do que desejaríamos se estivéssemos na posse de toda a informação?
Esta concepção oferece-nos duas condições de racionalidade arbitrárias. Existirão outras além destas? Por exemplo, seria necessário ser-se consistente? Será necessário sentir empatia (ter uma consciência muito viva do que significa estar no lugar das outras pessoas)? Alguns filósofos incluíram estas ou outras condições. Como é que se decide que condições de racionalidade incluir?
Os observadores ideais podem discordar acerca de certas questões. No caso de isto suceder, será que devemos considerar um "bem" o que a "maioria" dos observadores (não "todos") desejaria? Ou devemos seguir o que cada um de nós individualmente desejaria se fossemos observadores ideais?
Portanto, a perspectiva do observador ideal, embora represente um enorme passo em frente, ainda não é o fim da jornada. As suas ideias necessitam de ser melhoradas e desenvolvidas. No entanto, qualquer candidata a ser uma melhor teoria tem de se basear nas suas intuições.
Sumário do capítulo
O subjectivismo afirma que os juízos morais descrevem sentimentos pessoais: "X é bom" significa "Gosto de X". Supõe que os princípios morais decorrem de seguirmos os nossos sentimentos.
O subjectivismo enfrenta algumas dificuldades. Defende, implausivelmente, que o simples facto de gostarmos de alguma coisa (como beber demasiado e magoar os outros) faz dela um bem. Dá-nos uma base demasiado frágil para lidarmos com o racismo e a educação moral. Diz-nos para seguirmos os nossos sentimentos mas não nos oferece um guia para desenvolvermos sentimentos sensatos e racionais.
A teoria do observador ideal tenta combinar sentimentos e racionalidade. Defende que "X é um bem" significa "Desejaríamos X se estivéssemos totalmente informados e nos preocupássemos imparcialmente com todas as pessoas." Adoptamos os nossos princípios desenvolvendo sentimentos morais racionais (permanecendo imparciais e informados) – e depois seguindo os nossos sentimentos.
A teoria do observador ideal, embora represente um amplo progresso quando a comparamos ao relativismo e ao subjectivismo, comporta, ainda assim, problemas – pelo menos tal como até ao momento a apresentámos. Por exemplo, oferece-nos apenas duas condições arbitrárias de racionalidade – sendo, além disso, pouco claro o que significa "ser imparcial".
Harry Gensler
Retirado de http://www.criticanarede.com/

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