Outras objecções
Embora o positivismo lógico tenha morrido há muitos anos, o emotivismo ainda floresce. A Ima explica a atracção principal do emotivismo:
O emotivismo é melhor que os outros pontos de vista porque é mais simples e explica mais factos. Em filosofia, como em ciência, um ponto de vista é melhor se é mais simples e explica mais coisas.
Admito que o emotivismo explica a moralidade de uma forma simples. Mas a verdade nem sempre é simples, e o emotivismo parece enfraquecer a moralidade. Ao negar a existência de conhecimento moral e de verdades morais, vai contra o senso comum. Mas ainda fizemos muito pouco para defender o nosso conhecimento de verdades morais básicas. Estas verdades são auto-evidentes? A grande diversidade de intuições morais leva-nos a duvidar disto. Ou são prováveis com base em factos descritivos? Moore parece ter destruído esta proposta. Enquanto não encontrarmos uma forma melhor de defender o nosso conhecimento de verdades morais, os pontos de vista que negam a existência desse conhecimento continuarão a ser plausíveis.
Devido a isto, temos de procurar problemas internos do emotivismo. Encontro dois problemas desse tipo. Ao contrário do que o emotivismo diz, os juízos morais não são sempre emocionais e não podem ser sempre traduzidos com plausibilidade na forma de exclamações.
Em primeiro lugar, os juízos morais não são sempre emocionais. Todos temos algumas crenças morais que são para nós emocionais (talvez acerca do racismo) e outras que são não-emocionais (talvez acerca do carácter errado de algumas isenções fiscais). Uma vez que os juízos morais podem ser muito não-emocionais, é implausível que os equiparemos todos a exclamações ― como "Abaixo!" e "Viva!" ― cujo propósito principal é expressar emoções.
Uma vez que a Ima Emotivista gosta tanto da ciência, pode fazer uma experiência para ver se os juízos morais são sempre emocionais. Pode entrevistar pessoas, prender-lhes uma engenhoca qualquer que meça as suas emoções e depois verificar se os juízos morais são sempre emocionais (como o emotivismo sustenta) ou se vão desde muito emocionais a muito não-emocionais (como eu defendo). Não tenho dúvidas sobre o resultado da experiência.
Um segundo problema é que "bem" e "mal" nem sempre podem ser traduzidos com plausibilidade na forma de exclamações. Considera estes exemplos:
1. Faz o que é bom.
2. Viva as pessoas boas!
3. Ou é bom ir ou é mau ir.
4. Isto é neutro (nem bom nem mau).
Eis o que obtemos se substituirmos "bem" e "mal" por exclamações:
1a. Faz o que é viva!
2a. Viva as pessoas viva!
3a. Ou é viva ir! ou é abaixo ir!
4a. Nem isto é viva! nem é abaixo!
Se usarmos as exclamações da forma normal, nenhuma destas traduções faz sentido. Por isso, algumas frases que usam "bem" e "mal" parecem não ter nenhuns "viva" e "abaixo" equivalentes plausíveis.
Os subjectivistas podem traduzir com plausibilidade as minhas quarto frases. Por exemplo, traduziriam a frase 1 como "Faz o que eu gosto" ou "Faz aquilo de que eu tenha dito 'Viva!'". Mas isto faz de "X é bom" uma afirmação verdadeira sobre sentimentos ― e os emotivistas rejeitam isto. Os emotivistas afirmam que "bem" deve ser traduzido por uma exclamação.
Há ainda outro problema. Ao defender o emotivismo, Ima apela a este princípio, que é uma parte importante do método científico:
· Um ponto de vista é melhor se é mais simples e explica mais coisas.
Ora "melhor" é o comparativo de "bom". Por isso, se "bom" é traduzido por uma exclamação, então o princípio de Ima significa algo como isto:
· Viva um ponto de vista que é mais simples e explica mais coisas!
Assim, o princípio de Ima seria a mera expressão de um sentimento ― e por isso nem verdadeiro nem falso. E o mesmo aconteceria com outras normas que fazem parte do método científico:
· Normalmente devemos acreditar na nossa experiência sensível.
Devemos ser consistentes nas nossas teorias científicas.
Se fossem apenas exclamações, estas afirmações também não seriam nem verdadeiras nem falsas; por isso não seriam mais correctas que estas duas normas:
· Um ponto de vista é melhor se está de acordo com o meu horoscópio.
· Devemos escolher entre pontos de vista atirando uma moeda ao ar.
Por isso, o emotivismo, para além de destruir a objectividade da ética, também destruiria a objectividade do método científico.
Embora o positivismo lógico tenha morrido há muitos anos, o emotivismo ainda floresce. A Ima explica a atracção principal do emotivismo:
O emotivismo é melhor que os outros pontos de vista porque é mais simples e explica mais factos. Em filosofia, como em ciência, um ponto de vista é melhor se é mais simples e explica mais coisas.
Admito que o emotivismo explica a moralidade de uma forma simples. Mas a verdade nem sempre é simples, e o emotivismo parece enfraquecer a moralidade. Ao negar a existência de conhecimento moral e de verdades morais, vai contra o senso comum. Mas ainda fizemos muito pouco para defender o nosso conhecimento de verdades morais básicas. Estas verdades são auto-evidentes? A grande diversidade de intuições morais leva-nos a duvidar disto. Ou são prováveis com base em factos descritivos? Moore parece ter destruído esta proposta. Enquanto não encontrarmos uma forma melhor de defender o nosso conhecimento de verdades morais, os pontos de vista que negam a existência desse conhecimento continuarão a ser plausíveis.
Devido a isto, temos de procurar problemas internos do emotivismo. Encontro dois problemas desse tipo. Ao contrário do que o emotivismo diz, os juízos morais não são sempre emocionais e não podem ser sempre traduzidos com plausibilidade na forma de exclamações.
Em primeiro lugar, os juízos morais não são sempre emocionais. Todos temos algumas crenças morais que são para nós emocionais (talvez acerca do racismo) e outras que são não-emocionais (talvez acerca do carácter errado de algumas isenções fiscais). Uma vez que os juízos morais podem ser muito não-emocionais, é implausível que os equiparemos todos a exclamações ― como "Abaixo!" e "Viva!" ― cujo propósito principal é expressar emoções.
Uma vez que a Ima Emotivista gosta tanto da ciência, pode fazer uma experiência para ver se os juízos morais são sempre emocionais. Pode entrevistar pessoas, prender-lhes uma engenhoca qualquer que meça as suas emoções e depois verificar se os juízos morais são sempre emocionais (como o emotivismo sustenta) ou se vão desde muito emocionais a muito não-emocionais (como eu defendo). Não tenho dúvidas sobre o resultado da experiência.
Um segundo problema é que "bem" e "mal" nem sempre podem ser traduzidos com plausibilidade na forma de exclamações. Considera estes exemplos:
1. Faz o que é bom.
2. Viva as pessoas boas!
3. Ou é bom ir ou é mau ir.
4. Isto é neutro (nem bom nem mau).
Eis o que obtemos se substituirmos "bem" e "mal" por exclamações:
1a. Faz o que é viva!
2a. Viva as pessoas viva!
3a. Ou é viva ir! ou é abaixo ir!
4a. Nem isto é viva! nem é abaixo!
Se usarmos as exclamações da forma normal, nenhuma destas traduções faz sentido. Por isso, algumas frases que usam "bem" e "mal" parecem não ter nenhuns "viva" e "abaixo" equivalentes plausíveis.
Os subjectivistas podem traduzir com plausibilidade as minhas quarto frases. Por exemplo, traduziriam a frase 1 como "Faz o que eu gosto" ou "Faz aquilo de que eu tenha dito 'Viva!'". Mas isto faz de "X é bom" uma afirmação verdadeira sobre sentimentos ― e os emotivistas rejeitam isto. Os emotivistas afirmam que "bem" deve ser traduzido por uma exclamação.
Há ainda outro problema. Ao defender o emotivismo, Ima apela a este princípio, que é uma parte importante do método científico:
· Um ponto de vista é melhor se é mais simples e explica mais coisas.
Ora "melhor" é o comparativo de "bom". Por isso, se "bom" é traduzido por uma exclamação, então o princípio de Ima significa algo como isto:
· Viva um ponto de vista que é mais simples e explica mais coisas!
Assim, o princípio de Ima seria a mera expressão de um sentimento ― e por isso nem verdadeiro nem falso. E o mesmo aconteceria com outras normas que fazem parte do método científico:
· Normalmente devemos acreditar na nossa experiência sensível.
Devemos ser consistentes nas nossas teorias científicas.
Se fossem apenas exclamações, estas afirmações também não seriam nem verdadeiras nem falsas; por isso não seriam mais correctas que estas duas normas:
· Um ponto de vista é melhor se está de acordo com o meu horoscópio.
· Devemos escolher entre pontos de vista atirando uma moeda ao ar.
Por isso, o emotivismo, para além de destruir a objectividade da ética, também destruiria a objectividade do método científico.
Harry J. Gensler
Retirado de http://www.criticanarede.com/
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