O emotivismo moderado
O que mais me perturba no emotivismo é a afirmação de que não podemos raciocinar sobre princípios morais básicos.
Supõe que discordamos de um Nazi acerca de um princípio moral básico. O emotivismo afirma que não podemos ir mais longe por intermédio do raciocínio; mas podemos tentar mudar os sentimentos do Nazi. Contudo, o Nazi também pode tentar mudar os nossos sentimentos; historicamente, os Nazis foram muito bons a manipular sentimentos. Por isso, o modelo emotivista de pensamento moral parece levar a guerras de propaganda, em que cada lado, impossibilitado de recorrer à razão, tenta simplesmente manipular os sentimentos do outro. Acho isto muito perturbador. A Ima diz que o intuicionismo também não pode raciocinar acerca de princípios morais básicos. Não podemos discutir intuições básicas tal como não podemos discutir sentimentos básicos. Ela conclui que o emotivismo e o intuicionismo estão no mesmo barco. Se isso é assim, gostaria de estar num barco diferente do deles; quero ter um método pelo qual ambos os lados se possam sentar e raciocinar juntos, em vez de apenas tentarem manipular as emoções um do outro.
Alguns emotivistas tentam introduzir mais racionalidade na ética e avançaram para um emotivismo moderado. Este ponto de vista também considera os juízos morais como exclamações emocionais e não como afirmações de verdade. Mas insiste em que os sentimentos podem ser de alguma forma apreciados racionalmente: os sentimentos informados e imparciais são os sentimentos racionais. Com base nisto, poderíamos arguir que os princípios Nazi são irracionais. Esta proposta é semelhante ao ponto de vista do observador ideal. Escolheríamos os nossos princípios seguindo os nossos sentimentos ― mas primeiro desenvolveríamos sentimentos racionais. (sentimentos informados e imparciais).
O emotivismo moderado concede à racionalidade um papel maior na ética. O prescritivismo de Hare, que examinaremos no próximo capítulo, vai mais longe nesta direcção.
Sumário do capítulo
O emotivismo afirma que os juízos morais expressam sentimentos positivos ou negativos. "X é bom" significa "Viva X!" ― e "X é mau" significa "Abaixo X!"
Uma vez que os juízos morais são exclamações, não podem ser verdadeiros nem falsos. Não pode, por isso, haver verdades morais ou conhecimento moral. Podemos raciocinar sobre questões morais se assumirmos um sistema de normas; mas não podemos raciocinar acerca de princípios morais.
Alguns emotivistas baseiam o seu ponto de vista no positivismo lógico, que grosseiramente sustenta que uma afirmação de verdade genuína tem que poder ser testada por intermédio da experiência sensível. Uma vez que os juízos morais não podem ser testados por intermédio da experiência sensível, não são afirmações de verdade genuínas. Por este motivo, os juízos morais expressam apenas sentimentos. Assim, o positivismo lógico leva ao emotivismo.
Um problema que este argumento enfrenta é que o positivismo lógico se refuta a si mesmo. Afirma (grosseiramente) que "Qualquer afirmação de verdade genuína tem que poder ser testada por intermédio da experiência sensível". Mas esta mesma afirmação não pode ser testada por intermédio da experiência sensível. Por isso, pelo seu próprio padrão, o positivismo lógico não pode ser uma afirmação de verdade genuína.
Outros argumentam que o emotivismo é melhor que outras propostas por que é mais simples e explica mais factos. Apelam a este princípio, que é uma parte importante do método científico: "Um ponto de vista é melhor se é mais simples e explica mais coisas".
Contudo, não é claro que o emotivismo explique a moralidade de forma adequada; negando o conhecimento moral e a verdade moral, parece enfraquecer a moralidade. Outro problema é que os juízos morais, em vez de serem essencialmente emocionais, vão desde "muito emocionais" até "não muito emocionais." E os juízos morais nem sempre podem ser traduzidos por exclamações.
O emotivismo também parece destruir a objectividade do método científico ― uma vez que traduziria "Um ponto de vista científico é melhor se é mais simples e explica mais coisas" pela exclamação "Viva os pontos de vista científicos que são mais simples e explicam mais coisas!"
O emotivismo afirma que, em disputas sobre os princípios morais básicos, não podemos apelar à razão mas apenas à emoção. Isto parece levar a guerras de propaganda em que cada lado, incapaz de recorrer à razão, tenta simplesmente manipular os sentimentos do outro lado.
O emotivismo moderado tenta acrescentar um componente racional mais forte. Embora admitindo que a ética se baseia nos sentimentos, insiste em que os nossos sentimentos podem ser mais ou menos racionais desde que sejamos mais ou menos informados e imparciais.
O que mais me perturba no emotivismo é a afirmação de que não podemos raciocinar sobre princípios morais básicos.
Supõe que discordamos de um Nazi acerca de um princípio moral básico. O emotivismo afirma que não podemos ir mais longe por intermédio do raciocínio; mas podemos tentar mudar os sentimentos do Nazi. Contudo, o Nazi também pode tentar mudar os nossos sentimentos; historicamente, os Nazis foram muito bons a manipular sentimentos. Por isso, o modelo emotivista de pensamento moral parece levar a guerras de propaganda, em que cada lado, impossibilitado de recorrer à razão, tenta simplesmente manipular os sentimentos do outro. Acho isto muito perturbador. A Ima diz que o intuicionismo também não pode raciocinar acerca de princípios morais básicos. Não podemos discutir intuições básicas tal como não podemos discutir sentimentos básicos. Ela conclui que o emotivismo e o intuicionismo estão no mesmo barco. Se isso é assim, gostaria de estar num barco diferente do deles; quero ter um método pelo qual ambos os lados se possam sentar e raciocinar juntos, em vez de apenas tentarem manipular as emoções um do outro.
Alguns emotivistas tentam introduzir mais racionalidade na ética e avançaram para um emotivismo moderado. Este ponto de vista também considera os juízos morais como exclamações emocionais e não como afirmações de verdade. Mas insiste em que os sentimentos podem ser de alguma forma apreciados racionalmente: os sentimentos informados e imparciais são os sentimentos racionais. Com base nisto, poderíamos arguir que os princípios Nazi são irracionais. Esta proposta é semelhante ao ponto de vista do observador ideal. Escolheríamos os nossos princípios seguindo os nossos sentimentos ― mas primeiro desenvolveríamos sentimentos racionais. (sentimentos informados e imparciais).
O emotivismo moderado concede à racionalidade um papel maior na ética. O prescritivismo de Hare, que examinaremos no próximo capítulo, vai mais longe nesta direcção.
Sumário do capítulo
O emotivismo afirma que os juízos morais expressam sentimentos positivos ou negativos. "X é bom" significa "Viva X!" ― e "X é mau" significa "Abaixo X!"
Uma vez que os juízos morais são exclamações, não podem ser verdadeiros nem falsos. Não pode, por isso, haver verdades morais ou conhecimento moral. Podemos raciocinar sobre questões morais se assumirmos um sistema de normas; mas não podemos raciocinar acerca de princípios morais.
Alguns emotivistas baseiam o seu ponto de vista no positivismo lógico, que grosseiramente sustenta que uma afirmação de verdade genuína tem que poder ser testada por intermédio da experiência sensível. Uma vez que os juízos morais não podem ser testados por intermédio da experiência sensível, não são afirmações de verdade genuínas. Por este motivo, os juízos morais expressam apenas sentimentos. Assim, o positivismo lógico leva ao emotivismo.
Um problema que este argumento enfrenta é que o positivismo lógico se refuta a si mesmo. Afirma (grosseiramente) que "Qualquer afirmação de verdade genuína tem que poder ser testada por intermédio da experiência sensível". Mas esta mesma afirmação não pode ser testada por intermédio da experiência sensível. Por isso, pelo seu próprio padrão, o positivismo lógico não pode ser uma afirmação de verdade genuína.
Outros argumentam que o emotivismo é melhor que outras propostas por que é mais simples e explica mais factos. Apelam a este princípio, que é uma parte importante do método científico: "Um ponto de vista é melhor se é mais simples e explica mais coisas".
Contudo, não é claro que o emotivismo explique a moralidade de forma adequada; negando o conhecimento moral e a verdade moral, parece enfraquecer a moralidade. Outro problema é que os juízos morais, em vez de serem essencialmente emocionais, vão desde "muito emocionais" até "não muito emocionais." E os juízos morais nem sempre podem ser traduzidos por exclamações.
O emotivismo também parece destruir a objectividade do método científico ― uma vez que traduziria "Um ponto de vista científico é melhor se é mais simples e explica mais coisas" pela exclamação "Viva os pontos de vista científicos que são mais simples e explicam mais coisas!"
O emotivismo afirma que, em disputas sobre os princípios morais básicos, não podemos apelar à razão mas apenas à emoção. Isto parece levar a guerras de propaganda em que cada lado, incapaz de recorrer à razão, tenta simplesmente manipular os sentimentos do outro lado.
O emotivismo moderado tenta acrescentar um componente racional mais forte. Embora admitindo que a ética se baseia nos sentimentos, insiste em que os nossos sentimentos podem ser mais ou menos racionais desde que sejamos mais ou menos informados e imparciais.
Harry J. Gensler
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