Pode-se distinguir os
seguintes tipos de argumentos não-dedutivos:
1.
Generalizações ou argumentos com base em
exemplos;
2.
Previsões indutivas;
3.
Argumentos por analogia;
4.
Argumentos causais;
5.
Argumentos de autoridade.
Geralmente usa-se o termo
“indução” para falar de dois tipos diferentes de argumentos: as generalizações
e as previsões. Uma generalização é um argumento quantificacional não-dedutivo
cujas premissas são menos gerais do que a conclusão. Este tipo de argumentos
apresenta a seguinte forma lógica, ou outras formas lógicas análogas:
Alguns F são G.
Logo, todos os F são G.
Um exemplo deste tipo de argumentos é o
seguinte:
Alguns corvos são pretos.
Logo, todos os corvos são pretos.
Para que uma generalização
seja válida tem de obedecer a algumas regras. Por exemplo, os casos em que se
baseia têm de ser representativos e não pode haver contra-exemplos. Defender
que todos os portugueses vão regularmente ao cinema porque os seus amigos vão
regularmente ao cinema viola estas duas regras: os meus amigos não são representativos
dos portugueses em geral e há portugueses que não vão ao cinema. As regras e
procedimentos da generalização correcta são cruciais na ciência e na elaboração
de sondagens representativas, previsões de resultados eleitorais, etc. Contudo,
os argumentos filosóficos raramente são generalizações.
Uma previsão é um argumento
quantificável não-dedutivo cujas premissas se baseiam no passado e cuja
conclusão é um caso particular. Por exemplo:
Todos os corvos observados até hoje são pretos.
Logo, o corvo do João é preto.
As previsões são igualmente
pouco usadas em filosofia; contudo, este tipo de argumento é crucial nas
ciências empíricas. E apesar de em filosofia não ser habitual usar previsões, o
seu estudo faz parte integrante da filosofia da ciência, dada a importância que
as previsões têm na ciência.
Num argumento por analogia,
pretende-se concluir que algo é de certo modo porque esse algo é análogo a
outra coisa que é desse modo. Os argumentos por analogia exibem a seguinte
forma lógica, ou formas lógicas análogas:
n é como m.
m é F.
Logo, n é F.
Por exemplo:
Os filósofos são como cientistas.
Os cientistas procuram compreender melhor o
mundo.
Logo, os filósofos procuram compreender melhor
o mundo.
Não se deve confundir os
argumentos por analogia com as analogias propriamente ditas. Uma analogia é
apenas uma semelhança entre coisas; os argumentos por analogia baseiam-se nesta
desejada semelhança, mas não são, elas mesmas analogias. Como se pode ver, nos
argumentos por analogia uma das premissas é uma analogia.
Não há regras claras para
avaliar argumentos por analogia, excepto que a analogia tem de ser relevante.
No exemplo dado, os filósofos estudam, discutem ideias e teorias, procuram
resolver problemas, trabalham em universidades e escrevem ensaios – tal como os
cientistas. Por isso, pode considerar-se que a analogia é boa. Quem discordar da
analogia terá de explicar porquê, apresentando uma característica relevante dos
filósofos que os cientistas não têm ou vice-versa. Na argumentação filosófica
abundam os argumentos por analogia.
Um argumento causal é um
argumento no qual se procura estabelecer uma causa com base em vários indícios
ou informações. Não há uma forma lógica determinada para este tipo de
argumentos, pois são muito diferentes entre si – só têm em comum o facto de a
sua conclusão ser a atribuição de uma causa de algo. Por exemplo:
Sempre que há guerras, há soldados.
Logo, a causa da guerra, são os soldados.
Este
argumento é inválido dado que a única razão que aponta a favor da ideia de que
a causa da guerra são os soldados é o facto de a existência de soldados ser uma
condição necessária para a guerra. Mas ser uma condição necessária de algo não
é suficiente para ser causa de algo; uma condição necessária para ser solteiro
é não ser casado; mas não ser casado não causou o estado de ser solteiro.
MURCHO, Desidério, O
Lugar da Lógica na Filosofia, 2003. Lisboa: Plátano Editora, pp. 104-106
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