Parte II
As três posições a que atribuímos rótulos fornecem três padrões de semelhança e de diferença. O determinismo moderado e o libertismo concordam que somos livres, o determinismo radical e o determinismo moderado concordam que o determinismo é verdadeiro, e o determinismo radical e o libertismo concordam que o incompatibilismo está correcto. Para compreendermos de que modo estas posições estão relacionadas, podemos esquematizar cada uma delas como posições que adoptam um determinado argumento. Seja L a proposição de que algumas das nossas acções são livres e D a proposição de que o determinismo é verdadeiro. Eis o argumento característico de cada uma das posições:
Determinismo Radical:
Se D, então não-L
D
Logo, não-L
Libertismo:
Se D, então não-L
L
Então, não-D
Determinismo Moderado:
L
D
Logo, L e D são compatíveis
Note-se que todos os argumentos são dedutivamente válidos. A nossa tarefa consiste em determinar que premissas são plausíveis.
O problema normativo da liberdade
O libertismo, o determinismo moderado e o determinismo radical tomam diferentes partidos acerca do problema do livre-arbítrio. Nenhuma destas teorias faz afirmações acerca de a liberdade ser uma coisa boa ou má. Por outras palavras, estas teorias dizem respeito a questões descritivas e não normativas. Há um problema completamente distinto acerca da liberdade que se coloca em filosofia política. Trata-se de saber a que liberdades as pessoas têm direito. Terão as pessoas direito a liberdades particulares, que não podem ser postas em causa pelas outras pessoas ou pelo estado? Esta é uma questão normativa sobre o que as pessoas devem ou não devem fazer. Não é a mesma coisa que perguntar se as pessoas têm livre-arbítrio.
As liberdades particulares podem entrar em conflito. Alguns defensores do capitalismo sustentam que as pessoas devem ser livres de comprar e vender sem estarem sujeitas à regulamentação do estado. No entanto, isto pode resultar em ciclos de expansão e depressão que provocam sofrimento em larga escala. Assim, se a liberdade é um direito das pessoas, certas liberdades económicas terão de ser regulamentadas ou amputadas. Esta e outras questões normativas acerca das liberdades a que as pessoas têm direito serão discutidas na secção do texto dedicada à ética.
Elliott Sober
Retirado de http://www.criticanarede.com/
As três posições a que atribuímos rótulos fornecem três padrões de semelhança e de diferença. O determinismo moderado e o libertismo concordam que somos livres, o determinismo radical e o determinismo moderado concordam que o determinismo é verdadeiro, e o determinismo radical e o libertismo concordam que o incompatibilismo está correcto. Para compreendermos de que modo estas posições estão relacionadas, podemos esquematizar cada uma delas como posições que adoptam um determinado argumento. Seja L a proposição de que algumas das nossas acções são livres e D a proposição de que o determinismo é verdadeiro. Eis o argumento característico de cada uma das posições:
Determinismo Radical:
Se D, então não-L
D
Logo, não-L
Libertismo:
Se D, então não-L
L
Então, não-D
Determinismo Moderado:
L
D
Logo, L e D são compatíveis
Note-se que todos os argumentos são dedutivamente válidos. A nossa tarefa consiste em determinar que premissas são plausíveis.
O problema normativo da liberdade
O libertismo, o determinismo moderado e o determinismo radical tomam diferentes partidos acerca do problema do livre-arbítrio. Nenhuma destas teorias faz afirmações acerca de a liberdade ser uma coisa boa ou má. Por outras palavras, estas teorias dizem respeito a questões descritivas e não normativas. Há um problema completamente distinto acerca da liberdade que se coloca em filosofia política. Trata-se de saber a que liberdades as pessoas têm direito. Terão as pessoas direito a liberdades particulares, que não podem ser postas em causa pelas outras pessoas ou pelo estado? Esta é uma questão normativa sobre o que as pessoas devem ou não devem fazer. Não é a mesma coisa que perguntar se as pessoas têm livre-arbítrio.
As liberdades particulares podem entrar em conflito. Alguns defensores do capitalismo sustentam que as pessoas devem ser livres de comprar e vender sem estarem sujeitas à regulamentação do estado. No entanto, isto pode resultar em ciclos de expansão e depressão que provocam sofrimento em larga escala. Assim, se a liberdade é um direito das pessoas, certas liberdades económicas terão de ser regulamentadas ou amputadas. Esta e outras questões normativas acerca das liberdades a que as pessoas têm direito serão discutidas na secção do texto dedicada à ética.
Elliott Sober
Retirado de http://www.criticanarede.com/
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