Não imaginam o poder lógico da razão.
Vejamos alguns exemplos desse poder.
Será que podemos provar racionalmente a existência de Deus?
S. Anselmo, um filósofo e teólogo medieval (século XI) legou-nos uma prova racional da existência de Deus, que ficou conhecido por Argumento Ontológico. O seu argumento diz-nos mais ou menos o seguinte: Deus é (por definição) o maior ser concebível – ou, numa famosa expressão de malabarismo mental, o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido. Mas entre as perfeições que o maior Ser concebível teria de ter está a existência, visto que, se Deus carecesse de existência não seria o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido, mas essa é a definição de Deus e, por consequência, Deus tem de existir.
Será que podemos provar racionalmente a existência de Deus?
S. Anselmo, um filósofo e teólogo medieval (século XI) legou-nos uma prova racional da existência de Deus, que ficou conhecido por Argumento Ontológico. O seu argumento diz-nos mais ou menos o seguinte: Deus é (por definição) o maior ser concebível – ou, numa famosa expressão de malabarismo mental, o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido. Mas entre as perfeições que o maior Ser concebível teria de ter está a existência, visto que, se Deus carecesse de existência não seria o Ser maior do que o qual nada pode ser concebido, mas essa é a definição de Deus e, por consequência, Deus tem de existir.
Parece que realmente podemos provar a
existência de Deus. E será que podemos provar a existência do mundo exterior?
Imagina uma situação em que as coisas
que vês não correspondem a objectos tridimensionais, onde não existe, não
obstante a sua crença irresistível, nenhum mundo físico mobilado de coisas
tangíveis, como o Sol, como as rãs verdes ou as escovas de dentes. Imagina, por
exemplo, que és um cérebro flutuando numa cuba. Não um cérebro morto num frasco
de formol, mas um cérebro mantido em estado de funcionamento, graças a uma
solução química. Um cientista louco extraiu-te o cérebro da caixa craniana sem
o teu conhecimento, e o resto do corpo foi incinerado. Para te criar a ilusão
de que nada mudou, o cientista louco ligou o teu cérebro a um computador que
lhe envia impulsos eléctricos via eléctrodos ligados às suas terminações
nervosas, que o teu cérebro, como se nada se passasse, se apressa a traduzir em
imagens, sons, odores, impressões tácteis e gustativas. O processo é
interactivo, tu tens a impressão de poder continuar a agir sobre o mundo. Do
teu ponto de vista, continuas a ter a mesma vida, as tuas actividades e
percepções são as mesmas, sem que nada destas actividades e percepções
corresponda à realidade, no sentido que habitualmente damos a esta palavra.
Poderás ir dar uma volta, se assim o desejares, regar as plantas, dar de comer
ao gato, aproveitar as férias para se banhar na água azul, de bronzear-se
enquanto lê uma obra filosófica contemporânea que descreve a hipótese de um
cérebro numa cuba. O supercomputador-prótese funciona às mil maravilhas: tu és
mais um homem entre os homens, pelo menos um ser vivo, uma coisa do mundo entre
as coisas do mundo.
Pensávamos que a existência de Deus era racionalmente questionável mas que a existência do mundo exterior era algo sólido como uma pedra, contudo a razão parece-nos dizer que podemos estar mais seguros da existência de Deus do que da existência do nosso vizinho. As divindades são mais certas do que as mesas e as cadeiras!
Será mesmo assim?
Pensávamos que a existência de Deus era racionalmente questionável mas que a existência do mundo exterior era algo sólido como uma pedra, contudo a razão parece-nos dizer que podemos estar mais seguros da existência de Deus do que da existência do nosso vizinho. As divindades são mais certas do que as mesas e as cadeiras!
Será mesmo assim?
FERRET,
Stéphane, Aprender com
as Coisas – uma iniciação à filosofia, 1ª edição, 2007. Lisboa:
Edições Asa, pp. 17-18
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